Começa com um beijo na boca, uma mão aqui, uma mão acolá. Aos poucos, as roupas são deixadas de lado. Mais um beijo no pescoço que, com sorte, deságua em um breve sexo oral. Todo esse roteiro para chegar ao “principal”: a penetração. Esse script é um velho conhecido de mulheres que se relacionam com homens. Por muito tempo, pouco se falou sobre a satisfação (ou não) gerada por esse passo a passo engessado.
O sexo ainda é entendido somente como a relação heterossexual que envolve penetração. De acordo com pesquisa do YouGov, mais de 40% dos britânicos não consideram sexo os estímulos orais. Presos em manuais de instrução que privilegiam o prazer masculino, os homens acabam ignorando as parceiras. Um recente levantamento, publicado na Revista Brasileira de Sexualidade Humana, feito com mulheres cisgênero (aquelas que se identificam com o gênero designado no nascimento), aponta que carícias, beijos e abraços são extremamente relevantes para 80% delas.
“A sexualidade feminina é responsiva, no geral. Os homens, por outro lado, tem uma resposta mais espontânea. Ou seja, eles ficam rapidamente prontos para a penetração, em um minuto. A mulher precisa de 15 a 20 minutos, em média, para ficar realmente excitada”, explica Isabel Litsek, especialista em Tantra.
Engana-se quem pensa que o prejuízo é só para as mulheres. “O foco na penetração também pode ser horrível para os homens, que morrem de medo de não sustentarem uma ereção”, resume terapeuta especialista em sexualidade humana. “Ignoramos que nosso corpo é todo erógeno. Podemos ter orgasmos com estímulos nas mãos, boca, nuca, orelhas e até axilas”, completa.