Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Abril Day: Assine Digital Completo por 4,00
Imagem Blog

Viver com Ousadia

Por Luana Marques Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A ansiedade pode se tornar sua maior força. A psicóloga Luana Marques, professora de Harvard, ensina como transformar o medo em ação e treinar a mente para vencer as incertezas pelo caminho.

Quando o cansaço deixa de ser normal (e o que fazer antes que piore)

O esgotamento profundo chega sem fazer barulho e se instala quando os sinais que o corpo dá são ignorados

Por Luana Marques
15 ago 2025, 15h00

Talvez você ache que está só cansado. Afinal, todo mundo anda exausto, não é?

Mas esse cansaço é diferente: não passa depois de um fim de semana de descanso e parece morar dentro de você. É como se sua cabeça funcionasse em câmera lenta, mesmo quando o corpo está parado.

E mesmo assim, você insiste. Se convence de que é só uma fase, que precisa de mais foco, ou de mais disciplina.

Mas e se não for isso?

O esgotamento profundo não costuma chegar com barulho. Ele se instala devagar, sem avisar.

Primeiro, você começa a esquecer coisas bobas. Depois, tomar uma decisão simples vira um esforço enorme. As ideias que antes vinham com facilidade agora travam. Você se esforça para se concentrar, mas é como se o cérebro estivesse rodando sem conseguir engrenar.

Com o tempo, até as atividades que te davam prazer não dão mais. Na ciência, chamamos esse esgotamento de burnout.

Continua após a publicidade

E o detalhe que quase ninguém sabe é que esse tipo de esgotamento não começa quando você trabalha demais. Ele começa quando você ignora os sinais do corpo e da mente por muito tempo.

O que te esgota não é o quanto você faz, mas o quanto te custa

O burnout não nasce só do excesso, mas do desequilíbrio constante entre envolvimento e retorno.

Para entender isso, tem um conceito do Bill Burnett que gosto de usar. Imagine que dentro de você existem dois tanques:

  • Um tanque mede seu engajamento em cada atividade: se está motivado, focado e satisfeito.
  • O outro tanque mede como você se sente depois: se aquilo te dá energia ou te suga.
Continua após a publicidade

Algumas atividades te envolvem por completo e ainda te recarregam (alto engajamento + alta energia). Esse é o melhor dos mundos: você se sente útil, presente, e sai renovado. É o que chamamos de zona de fluxo: quando um desafio que te motiva e habilidade se encontram, e você fica tão envolvido e alegre que nem vê o tempo passar.

Outras te exigem bastante, mas deixam um saldo neutro. Você cumpre, mas termina vazio, sem perder nem ganhar energia.

O maior perigo está nas tarefas que exigem muito e ainda te drenam (alto engajamento + energia negativa). Você está presente, concentrado, dando o seu melhor e sai esgotado. Isso varia de pessoa para pessoa, mas alguns exemplos mais comuns incluem:

  • Mediar conflitos familiares: você está 100% presente, tentando entender e acolher os lados, mas sai exausto, como se tivesse carregado uma tonelada nas costas;
  • Dar conta de tudo no trabalho sem pedir ajuda: você entrega, resolve, antecipa problemas, mas depois mal consegue levantar do sofá;
  • Defender uma ideia em ambientes muito críticos ou competitivos: o cérebro entra no modo turbo, mas, quando termina, o corpo pede descanso — ou isolamento.

Se esse tipo de atividade domina seus dias, é comum chegar à noite sem energia nem pra fazer o básico. Esse é o cenário mais perigoso e onde o burnout começa a nascer.

Continua após a publicidade

Já atividades leves, que não exigem tanto engajamento e ainda recarregam (como ouvir música, caminhar sem pressa ou cuidar de algo simples) são fundamentais para equilibrar esse sistema. E quando nem o engajamento nem a energia aparecem, você entra numa zona de tarefas feitas no automático, que não acrescentam e ainda sugam sua disposição.

Como descobrir o que drena sua energia?

Durante uma ou duas semanas, observe sua rotina com mais atenção e honestidade, e analise como você se sentiu em cada atividade:

  • Estava engajado ou entediado?
  • Saiu energizado, esgotado ou neutro?

E, se quiser aprofundar ainda mais, experimente usar o método AEIOU — uma ferramenta simples que ajuda a identificar o que realmente faz diferença na sua experiência:

Continua após a publicidade
  • Atividades: o que exatamente você estava fazendo?
  • Espaço: onde você estava? O ambiente ajudou ou atrapalhou?
  • Interações: com quem você estava interagindo? Isso te nutriu ou drenou?
  • Objetos: algum recurso ou ferramenta facilitou ou dificultou a tarefa?
  • Usuários: quem mais estava presente e como isso influenciou sua energia?

Após identificar as atividades que mais drenam sua energia, veja como você pode reorganizar sua rotina para intercalar com outras atividades que te renovem.

A ideia aqui não é controlar cada momento do seu dia, mas criar consciência.

Pensar nesses dois tanques (engajamento e energia) é como instalar um termômetro emocional na sua rotina. E quanto mais cedo você notar o que está te drenando, mais chance tem de evitar chegar ao ponto de esgotamento.

Lembre-se: burnout não é sinal de fraqueza. É sinal de que você ficou tempo demais ignorando seus próprios sinais.

Continua após a publicidade

Você já conhecia essa forma de ver e evitar o burnout?

Me conta lá no Instagram o que essa coluna te fez refletir? Sempre adoro conversar com os leitores por lá.

Nos vemos na próxima semana.

Até lá, pratique a ousadia de se recarregar antes de se cobrar.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ABRILDAY

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 16,90/mês
Apenas 4,00/mês*
OFERTA MÊS DOS PAIS

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
De: R$ 55,90/mês
A partir de 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.

abrir rewarded popup