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Walcyr Carrasco

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A etiqueta do elevador

Os altos e baixos de uma invenção que às vezes é um pesadelo

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 fev 2025, 08h00

Estou em um elevador lotado e solto um pum. Faço cara de inocente enquanto todos me olham como se soubessem que fui eu. Apressado, desço no andar seguinte — com mais metade dos passageiros. Ah, elevadores! Esses cubículos essenciais na vida da gente onde tudo pode acontecer. Grandes amores já se iniciaram em um elevador. Grandes brigas também. E assédios inomináveis. Mas sempre há a desculpa: “É que estava muito apertado!”. Desconhecidos são obrigados a suportar pessoas delirantes querendo fazer selfies com alguém que está do outro lado, amassando todos no caminho. Para evitar tragédias sociais e garantir que o trajeto até o seu andar não se torne um martírio, aja com destreza. A história do “sempre cabe mais um” é um terror. Porque não cabe. Quem entra em um elevador lotado amassa os outros passageiros, enquanto todos tentam se salvar e conferem a quantidade de pessoas permitida. Se houver um bebê, pior. Ele vai se sentir sufocado e disparar a buzina. Ficará traumatizado com os olhares ferozes dos outros passageiros e talvez nem na idade adulta supere essa experiência de rejeição.

O ritual do “vai subir ou vai descer?”. A porta abre e todos se atiram uns sobre os outros em direções contrárias, como em uma guerra de javalis. (Nunca vi uma, mas suponho que seja assim.) Mas há um momento decisivo. Entro no elevador e vem a dúvida: vai subir ou vai descer? A resposta é óbvia. Se vou subir, ele desce. Se vou descer, ele sobe. O clássico equívoco de apertar o botão errado transforma estranhos em cúmplices de um silêncio desconfortável. Se entrar sem saber o rumo da viagem, aceite seu destino com dignidade, evite aquele olhar constrangido quando todos perceberem que você errou e mandou o elevador para o subsolo, aonde ninguém quer ir.

“Se vou subir, ele desce. Se vou descer, ele sobe. Apertar o botão errado torna os outros cúmplices”

O dilema de abrir ou não a porta. Se você vê alguém correndo em direção a seu elevador já cheio, pode fingir que não viu e seguir viagem. Se você for uma alma na definitiva reencarnação, não só abrirá a porta como até cederá seu lugar a ele. Se for como eu, esperará o ser humano chegar pertinho e apertará o botão de fechar no nariz dele. Só torça para ele não pegar o próximo cheio de sentimentos de vingança e para isso não gerar um carma horrendo.

Posicionamento estratégico. Há os educadinhos que se afastam, cedendo lugar a todos. Mas também os que preferem se posicionar na frente do painel de botões, bloqueando o acesso alheio. Pior ainda, há aqueles que escolhem o meio do elevador como se fossem protagonistas de um filme de ação, obrigando todos a fazer manobras acrobáticas para apertar seus andares e, mais tarde, descer.

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O clássico “quem sai primeiro”. Estou no fundo, bloqueado por uma muralha que finge não perceber que quero sair. Começo então um jogo psicológico: mexo sutilmente o corpo, dou um passinho pra frente, até que alguém com muita má vontade decide se mover. Mas, se não tem jeito, piso no pé de alguém e corro.

O elevador exige um convívio forçado, mas não precisa ser um pesadelo. Agora, se você se identificou com algum dos descritos acima, está na hora de mudar seus hábitos. Ou, da próxima vez, pegue a escada.

Publicado em VEJA de 14 de fevereiro de 2025, edição nº 2931

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