Oferta Relâmpago: 4 revistas pelo preço de uma!
Imagem Blog

Walcyr Carrasco

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

E o romantismo, cadê?

As relações ficaram mais práticas, mas o sentimento faz falta

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 mar 2025, 08h00

O sexo ocupou o lugar do romantismo? Há um certo tempo, não tão distante, enviar flores, criar poesias e falar dos sonhos era uma forma de falar de amor. Inclusive de chegar ao sexo, mas este parecia uma consequência de todo o sentimento envolvido. Acabar, o romantismo não acabou. Mas foi substituído por aproximações mais simples. Como perguntar pelo celular: onde, a que horas? O amor pode estar envolvido ou não nessa relação rápida. Boa parte das vezes, nem de longe se pensa em amor de verdade. Conheço um adolescente que saiu com a garota do mesmo colégio. Foram no cinema. Acabaram transando no toalete adaptado para deficientes, em consentimento mútuo. Ah, sim, nem se encontraram depois, ou marcaram algum compromisso visando à estabilidade da relação. Nada contra, embora eu não ache o toalete o melhor lugar para viver o amor. Nem mesmo é confortável, imaginem. Só que há uma certa frieza em tudo isso. Eu sou de um tempo em que se falava em poesia, se visitava a família, buscava-se uma certa profundidade. Claro que tudo isso existe ainda. Mas essa rapidez também está destruindo a chance de construir um relacionamento mais forte. Escadas se sobem por degraus. Relacionamentos também se consolidam a cada passo. Não é à toa que nos tempos d’antanho, cortejava-se. Os casais namoravam na sala, bem vigiados pelos pais. Beijos eram roubados no portão. A mão boba existia, mas era um gesto secreto, ao mesmo tempo que desejado. Todas as datas que hoje comemoramos, inclusive o Dia dos Namorados, eram motivo para no mínimo comer um saquinho de pipocas juntos. A garota se preparava para ver o escolhido. Ele penteava o cabelo, e muitas vezes aparecia com um capacete de brilhantina e o coração batendo forte. Porque, sim, havia emoção pelo simples fato de ambos se verem. Isso está cada vez mais fora de moda. As relações acontecem, muitas vezes apressadas, com o mínimo de conhecimento mútuo. A palavra namoro perdeu o sentido apaixonado, foi substituída pela expressão “ficar juntos”, seja lá o que isso signifique.

“Ninguém exige mais a virgindade dele ou dela. Hoje, basta dizer: ‘Estou na sua, você está na minha?’ ”

As relações humanas foram mudando, em boa parte evoluíram. Pais já permitem que os filhos levem a namorada ou namorado para dormir em casa. Nada mais coerente, ainda mais em um mundo violento, onde o antigo pega-pega no carro virou um risco de vida, com tanta bandidagem à solta. Sem falar nos riscos para a saúde, nos motéis e hotéis de alta rotatividade. Ninguém mais exige a virgindade dela ou dele, até em famílias religiosas. E, para falar a verdade, algumas religiões são estritas em relação ao tema, outras mais complacentes. Quando jovem, eu soube de uma moça que foi expulsa da igreja por dormir com o namorado. Foi uma atitude violenta e chocante. Hoje, pode até acontecer, mas é raro, raríssimo. Entretanto, os gestos de sedução, nos quais o amor era construído com delicadeza e carinho, foram perdendo seu lugar. Hoje em dia, basta dizer: “Estou na sua, você está na minha?”. Ou algo equivalente. Até acredito que muitas vezes dá certo, como os amores de antigamente. Só que com o romantismo tinha mais graça, porque amar alguém era um sentimento que mudava a vida.

Publicado em VEJA de 28 de março de 2025, edição nº 2937

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
a partir de 9,90/mês*
ECONOMIZE ATÉ 47% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nas bancas, 1 revista custa R$ 29,90.
Aqui, você leva 4 revistas pelo preço de uma!
a partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.