Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

A pele que habito: cresce o interesse por vestidos que simulam o corpo nu

Na era dos nudes, o velho jogo de mostrar sem revelar ainda fascina

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h27 - Publicado em 21 ago 2022, 08h00
ÍCONE - A linda atriz Megan Fox é fã dos modelos: virou a rainha das transparências -
ÍCONE - A linda atriz Megan Fox é fã dos modelos: virou a rainha das transparências – (Taylor Hill/FilmMagic/.)

O nome naked dress, ou vestido nu, não é à toa. Quem olha de relance para essas ousadas peças de roupa pode pensar que a modelo, de fato, não está vestindo nada. Na semana passada, a grife do estilista francês Jean Paul Gaultier causou frisson ao apresentar uma coleção em parceria com a influenciadora Lotta Volkova. Os vestidos, disponíveis em versões para pele branca e negra, são desenhados com uma técnica artística conhecida como trompe l’oeil para causar uma ilusão de óptica. A ideia: dar a impressão de não haver nada, a não ser carne e osso, como se veio ao mundo. E, aparentemente, dado o sucesso, andar por aí pelado, só que não, está em alta — e crescendo em interesse.

O longo desenhado por Gaultier, estrela da coleção, entrou em terceiro lugar no último relatório da The Lyst Index, plataforma que avalia o mercado e divulga a popularidade de grifes e produtos. O naked dress do renomado estilista ficou atrás apenas de uma bolsa da Diesel e do tênis feito pela Gucci em parceria com a Adidas. Vendido por 590 euros, está esgotado, assim como as outras peças da série, que inclui biquínis e camisas. As pesquisas no Google por peças “nuas”, com as partes íntimas simuladas, aumentaram 430% nos últimos três meses.

RELEITURA - Kendall e seu Givenchy: levemente inspirada em Audrey Hepburn -
RELEITURA - Kendall e seu Givenchy: levemente inspirada em Audrey Hepburn – (Sean Zanni/Patrick McMullan/Getty Images)

Cabe lembrar que a moda é território infinito da máxima de Lavoisier (1743-1794): “Nada se cria, tudo de transforma”. A transparência dos tecidos, prima-irmã do que brotou agora, está em eterno vaivém. No fim da década de 50, a atriz e cantora alemã Marlene Dietrich chocou a sociedade ao aparecer em performances no estilo cabaré em teatros de Las Vegas usando um modelo que dava a ilusão de transparência. O corte, assinado por Jean Louis, inspirou um dos vestidos mais famosos da história: o look, também do estilista francês, usado por Marilyn Monroe em 1962 na celebração de aniversário do então presidente dos Estados Unidos, John Kennedy. E não deu outra: agora em 2022, a socialite Kim Kardashian usou o mesmo vestido no Met Gala, tradicional evento de moda realizado em Nova York. Anote-se que a própria criação de Gaultier não é exatamente novidade. Uma versão do naked dress foi exibida nas passarelas para a temporada outono/inverno de 2014, há quase uma década. E mais: a atual versão bebe de outra coleção, ainda mais antiga, de 1996.

Continua após a publicidade
SUCESSO - O vestido do francês Jean Paul Gaultier: a peça, uma das mais procuradas do momento, está esgotada -
SUCESSO - O vestido do francês Jean Paul Gaultier: a peça, uma das mais procuradas do momento, está esgotada – (Jean Paul Gautier/.)

Na Semana de Moda de Paris, ficou claro que a nova velha ideia pegou tração e fisgou o universo da alta-costura. Grifes como Schiaparelli e Balmain apresentaram coleções com tecidos que se ajustam ao corpo ou que reproduzem as formas femininas. Fora das passarelas, celebridades desfilam criações de alguns dos maiores nomes da moda. A socialite Kendall Jenner — também no Met Gala — usou um vestido da Givenchy inspirado em um modelo que Audrey Hepburn vestiu em My Fair Lady, mas totalmente transparente e ainda mais sexy. Megan Fox foi no mesmo caminho. A cantora Anitta (e quem mais seria?) foi outra a ostentar panos fingindo estar pelada. É movimento interessante, pode ser visto como gesto de ousadia e coragem, e inevitavelmente magnetiza quem está ao redor, por motivos óbvios. Mas tem um quê de marketing, muito barulho por nada na era dos nudes. Talvez falte transparência a quem se veste para fingir flanar pelo mundo habitado pela nudez. É onda que vai passar, até que renasça.

Publicado em VEJA de 24 de agosto de 2022, edição nº 2803

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.