Em alta, o trabalho artesanal, assim como algumas das técnicas manuais mais populares do Brasil – crochês, tricôs, bordados e aplicações, voltaram ao centro das atenções nesta sexta-feira, 17, no São Paulo Fashion Week.
Por meio de 36 looks criados por 12 renomados estilistas brasileiros, a Sou de Algodão, movimento criado em 2016 pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) com o intuito de unir todos os agentes da cadeia produtiva e despertar uma consciência coletiva pelo consumo responsável dessa matéria-prima, apresentou a coleção “Manualidades – Raízes da Moda Brasileira”, exaltando a tradição do “feito à mão”, em um desfile repleto de referências históricas.
O resultado são peças bem elaboradas, vazadas com mistura de alfaiataria, estampas florais e tons naturais e terrosos. “Mostra a união de toda cadeia do algodão e a tradição ancestral”, afirmou Silmara Ferraresi, diretora de relações institucionais da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e gestora do Sou de Algodão.
Ela acrescenta que o “feito à mão” faz parte da história do Brasil, das culturas regionais e mesmo da modernidade, com a produção de algodão profissionalizada com tecnologia. “Mas que ainda traz o cuidado do produtor com a qualidade”, completa.
O desfile teve como convidadas as apresentadoras Fernanda Lima (que mais uma vez foi prestigiar os filhos gêmeos João e Francisco, que estrearam como modelos) e Pryscilla Paiva, musa do agronegócio, setor que compareceu em peso na, com diversos representantes e profissionais marcando presença na apresentação.
Entre os estilistas que assinaram as peças da Sou de Algodão estão Adriana Meira, Ateliê Mão de Mãe, Catarina Mina, David Lee, Heloisa Faria, Igor Dadona, Martins, Ronaldo Silvestre, Thear, Walerio Araújo, Weider Silverio e João Pimenta, um dos maiores nomes da moda masculina atual, e que apresentou sua coleção em seguida.
Asas à cobra
Menos teatral e mais realista, com menos volumes e mais pele à mostra, João Pimenta surpreendeu ao trazer uma coleção mais comercial, mas não menos potente e ousada. Fruto de um trabalho mais focado do estilista, que deixou um pouco de lado os figurinos de teatro para se concentrar no desenvolvimento das peças de seu ateliê.
Não foi tarefa fácil, já que Pimenta sempre conciliou as duas funções – “foi estranho desenvolver algo que tivesse só duas peças, sem tantas camadas”, disse – mas valeu o esforço. Peças mais leves e com muita pele à mostra deram movimento às silhuetas naturais do corpo. As estampas e texturas de cobra surgiram em praticamente toda o desfile, até para justificar o nome da coleção “Asas à Cobra”.
A teatralidade e a subversão, inerentes do estilista, também apareceram, mas na forma de rendas, laços, capas, guarda-chuvas e minissaias masculinas. Também sua alfaiataria característica, em roupas oversized, de materiais transparentes e acetinados, com ombros quadrados e volumosos. Uma coleção mais equilibrada, mas que evidencia a assinatura de João Pimenta. Não à toa, foi aplaudida de pé.
Veja looks da Sou de Algodão e João Pimenta: