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Amigos da vida longa: estudos mostram benefícios da convivência com cães e gatos

Relação ajuda a melhorar a memória e a fala e pode ser uma aliada poderosa na busca pelo envelhecimento saudável

Por Flávio Monteiro
7 set 2025, 08h00

Apenas na década de 1980, tardiamente, portanto, a milenar relação entre humanos e animais de estimação passou a ser objeto de estudos científicos. Foram revelados, a partir daquele momento, diversos benefícios à saúde de quem adota um amigo de quatro patas. Cães e gatos ajudam os tutores a reduzir a pressão arterial; fortalecem o sistema imunológico; e diminuem níveis de irritação e ansiedade, porque a simples ação de acariciá-los estimula a liberação de hormônios ligados ao bem-estar, como a oxitocina, e reduz as substâncias relacionadas ao estresse, como o cortisol.

Agora, novas pesquisas revelam que a companhia animal pode ser também uma forte aliada do aumento da longevidade e do envelhecimento saudável. Tudo porque a convivência com pets pode desacelerar o processo natural de declínio de algumas partes cruciais do cérebro, ocorrido com o passar dos anos. A conclusão é fruto de um robusto levantamento realizado pelas universidades de Genebra e Lausanne, na Suíça. Os cientistas utilizaram dados de saúde pública e aposentadoria da Europa para analisar o envelhecimento de 16 580 pessoas, com idade acima de 50 anos, em onze países do continente. A avaliação, baseada em testes clínicos de cognição realizados ao longo de dezoito anos, evidenciou que os donos de cães mantinham a memória mais aguçada — tanto a imediata quanto a tardia. Já quem adotou gatos apresentou uma perda consideravelmente mais lenta na fluência verbal. “As atividades com esses animais são mais estimulantes para o cérebro”, explica Adriana Rostekova, coordenadora da investigação, da Universidade de Genebra.

BOM DE PAPO - Idosa e seu felino: “diálogos” garantem fluidez na fala
BOM DE PAPO – Idosa e seu felino: “diálogos” garantem fluidez na fala (ChristiLaLiberte/Getty Images)

Ao levar o cachorro para passear, os veteranos são obrigados a memorizar as rotas e dar comandos claros sobre a direção a seguir. As caminhadas também melhoram o equilíbrio e ajudam a manter a forma, contribuindo na prevenção de doenças mentais. Outro fator relevante é a interação com desconhecidos promovida por caudas agitadas e focinhos enxeridos, que, muitas vezes, levam a conversas sobre os bichos — principalmente com quem é “cachorreiro”. “Me sinto mentalmente mais saudável, menos ansioso e mais afetivo desde a chegada de Jingo”, diz Washington da Silva, de 68 anos, que desde 2021 convive com um cão da raça shih tzu.

Socializar com o melhor amigo também traz evidentes ganhos. Ainda que estejam mais próximos de monólogos, as tentativas de estabelecer “diálogos” com os bichos ajudam a manter a fluidez da fala. O comportamento, particularmente observado entre pessoas que adotam felinos, é estimulado pela personalidade forte e independente, típica da espécie. “Quando saio de casa, digo: ‘A vovó volta logo, só vai dar uma aula particular para garantir sua ração’”, diz a professora aposentada Eva Furesz, 61 anos, dona do gatinho Pandoro. “Trato-o como meu bebê.”

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CADA UMA NA SUA - Peixe-beta: pouca interação não permite ganhos cognitivos
CADA UMA NA SUA - Peixe-beta: pouca interação não permite ganhos cognitivos (OllgaP/Getty Images)

Os efeitos positivos não foram observados, contudo, entre os donos de peixes e aves. Embora capazes de despertar apego em humanos, eles são bem menos afeitos a relacionamentos interespécies. “Não há uma relação social tão intensa quanto à observada com cães e gatos”, diz a professora e coordenadora do Grupo de Neurologia Cognitiva da USP, Sonia Brucki. Os pesquisadores suíços apontam ainda a vida curta no aquário, que dificulta a criação de laços mais profundos, e o canto estridente de pássaros engaiolados, que tiram o sono de seus criadores, como fatores impeditivos para os ganhos cognitivos.

O foco na relação entre pets e idosos, um campo de estrada ainda aberta, pode mudar a visão quanto ao papel social que esses bichinhos exercem nas sociedades contemporâneas. “As pessoas estão vivendo mais, mas tendem a se sentir sozinhas”, aponta Clément Meier, especialista em saúde pública da Universidade de Lausanne. A professora aposentada Ivanette Ferreira, 71 anos, encontrou na companhia de uma cadelinha poodle o antídoto para a solidão durante a pandemia de covid-19. “Se não tivesse a Maya, acho que teria enlouquecido”, afirma ela, que vive sozinha em uma casa em Cabo Frio, no Rio de Janeiro. Os especialistas recomendam cautela, no entanto, antes de receitar a adoção de bichos de estimação. “É fundamental avaliar os custos financeiros e as preocupações com adoecimentos e perdas”, diz Rostekova. Quando feita com consciência, a adoção é recompensada com muito amor e anos a mais de vida.

Publicado em VEJA de 5 de setembro de 2025, edição nº 2960

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