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De volta ao clássico: vestidos de noiva estilo bolo confeitado retornam à cena

Modelos hipervolumosos, de saias enormes e mangas bufantes, resgatam o figurino tradicional

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 abr 2025, 08h00

As cerimônias de casamento testemunham um interessante fenômeno: a volta triunfal dos chamados “bolos de noiva”, os vestidos mais tradicionais para celebrar a união. Com rendas delicadas, mangas bufantes e caudas majestosas, modelos que remetem às décadas de 1950 e 1960 estão recuperando espaço em festas que pareciam, até muito pouco tempo atrás, dominadas por ousadias como barras exageradamente curtas, tecidos coloridos e cortes assimétricos. Com a chegada de maio, mês das noivas, cabe, portanto, uma indagação: o que explica a nostalgia pintada de branco?

Uma explicação é o efeito do cansaço do tempo restritivo e sem graça da pandemia, que se impôs por necessidade. Outra está relacionada ao crescimento da onda conservadora que invadiu o planeta. Na instabilidade, é natural um movimento de retorno ao clássico, por ser seguro. Como a moda reflete os humores da sociedade, os vestidos volumosos, de conto de fadas, crescem e aparecem, ao celebrar valores como uma suposta pureza. Some-se às duas respostas — a reação às quarentenas de corpo e alma e a pegada comportamental mais tímida — um outro passo, também decisivo, e eis a onda pronta para não perder o viço. Trata-se, enfim, de resistir ao excesso de experimentalismo, o vale quase tudo das últimas décadas. “Entre tantas incertezas, o vestido de noiva resgata o sonho, algo que nunca sai de moda”, diz a estilista Lethicia Bronstein. “Um vestido frondoso transforma a mulher em personagem grandiosa, de momento único.”

É, a bem da verdade, um movimento cíclico, típico do universo da moda. Em 1981, a princesa Diana se casou com o então príncipe Charles com um modelo assinado por David e Elizabeth Emanuel. O vestido de seda marfim e renda levava 10 000 pérolas bordadas, cauda de 7,6 metros e véu de tule de 140 metros. Foi espantoso, aplaudido e invejado, ainda que exagerado. É esse tipo de extravagância que agora ressurge, com algum toque de modernidade.

FÁBULA - Princesa Diana, com Charles, em 1981: roupa para o conto de fadas que não teve final feliz
FÁBULA - Princesa Diana, com Charles, em 1981: roupa para o conto de fadas que não teve final feliz (Jayne Fincher/Princess Diana Archive/Getty Images)

Em janeiro, por exemplo, Sabrina Sato se casou com o ator Nicolas Prattes, numa festa que ganhou destaque no mundo muito particular das celebridades. Para a cerimônia, a ex-BBB vestiu um modelo criado pelo estilista italiano Giambattista Valli, conhecido pelas peças exageradas que podem custar mais de 100 000 reais. Valli não decepcionou: fez um exuberante vestido de tafetá de seda, com saia de dimensões extravagantes, mangas bufantes e véu enorme. “Foi como sempre sonhei”, disse Sabrina. A atriz Larissa Manoela, que festejou três vezes o casamento com o mesmo ator, André Luiz Frambach, foi do minimalista, em 2023, ao convencional, em dezembro do ano passado. Na versão mais recente, apostou em um modelo da marca Nicole + Felicia que apresentava um efeito nuvem com camadas intermináveis de tecido. Nas mídias digitais, como Instagram e Pinterest, o exagero saudosista domina os feeds de estrelas internacionais como a atriz e cantora Ariana Grande, a estrela do musical Wicked.

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Não há estimativa precisa de quanto esse setor fatura no incessante mercado de casamentos, mas sabe-se que as noivas geram algo em torno de 34 bilhões de dólares em todo o mundo por ano, o equivalente a 194 bilhões de reais — 32 bilhões de reais somente no Brasil. O bolo vai crescer ainda mais. Estimativas apontam que esse valor deva chegar a impressionantes 60,4 bilhões de dólares globais até 2034. A riqueza que sai do armário — entre a nostalgia e as tentativas de inovação, agora no acostamento — é sinônimo de vigor incessável. Busca-se, como sempre na aventura da civilização, refúgio no confortável e, por que não, no glamour de um instante indizível da vida, guardado na memória. E que seja imortal, posto que é chama, como cantou Vinicius de Moraes. Que assim seja, para quem quiser.

Publicado em VEJA de 25 de abril de 2025, edição nº 2941

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