Embora o movimento da destilaria nacional, principalmente de gim, seja bastante recente, os rótulos brasileiros vêm conquistando espaço não apenas nos bares, onde variedades de gim tônica com botânicos locais se multiplicam, mas também em concursos internacionais, onde disputam com dezenas de produtores com maior tradição.
Um desses rótulos é o Hopped London Dry Gin da Geest Destilaria, produzido em Vargem Grande do Sul, no interior de São Paulo. Primeiro gim feito com lúpulo (a planta que dá amargor à cerveja) no Brasil, conquistou a medalha de ouro no Concurso Mundial de Bruxelas, um dos mais importantes do mundo, e também recebeu a mais alta premiação na Expocachaça 2022.
Foi uma conquista rápida para uma empresa que começou, de fato, a operar em 2018. Antes de produzir destilados, Marcelo Maaz, fundador da Geest, estava inserido no mundo da cerveja artesanal. Ele é um dos sócios do bar Esconderijo, da cervejaria paulistana Juan Caloto. “Comecei a fazer alguns cursos de gim só em 2016, quando o mercado ainda era muito pequeno e haviam poucas opções nacionais”, diz Maaz. As receitas caseiras feitas com o pequeno destilador de um amigo começaram a dar certo e Maaz e o pai decidiram montar uma fábrica no interior.
A ideia inicial era produzir principalmente gim, e para isso foi preciso fazer um alambique especial, que ainda não era encontrado com facilidade. “Mas de uma destilaria de gim decidimos nos transformar em uma destilaria de tudo. E digo de tudo mesmo”, brinca. Hoje, a fábrica está preparada tanto para produzir os destilados que não passam por um processo de fermentação, como a vodka e o gim, quanto aquelas que precisam fermentar, como a cachaça ou o whisky.
Hoje, o portfólio da Geest conta com três rótulos diferentes de gim (além do lupulado há um london dry tradicional e outro que passa por infusões pós-destilação), além de uma vodka, uma cachaça e um moonshine, um tipo de whisky não envelhecido, todos disponíveis ao consumidor final. Outros destilados são produzidos de forma limitada, para bares.
A parceria com a Juan Caloto funciona como um laboratório de receitas e rótulos. No bar da cervejaria, em São Paulo, Maaz e os sócios testam novidades em uma carta de drinques que vem aproximando o mundo das artesanais e da coquetelaria. Para o Esconderijo, a Geest produz uma série de bitters e um absinto, entre outros. Agora, alguns desses rótulos serão lançados também comercialmente.
A lista de projetos que estão no forno é grande. “Estamos desenvolvendo um destilado de manga em parceria com uma destilaria da Dinamarca. E temos também um projeto de bebidas ancestrais”, conta Maaz. “Somos uma empresa pequena e nunca vamos conseguir produzir um grande volume, então queremos sempre criar coisas diferentes”. A inauguração de uma loja de fábrica também está nos planos para o futuro não tão distante.