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“Estamos expostos”, diz Paolla Oliveira sobre stalker que a perseguiu

Em depoimento, a atriz expõe o risco das redes sociais

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h20 - Publicado em 29 jul 2022, 06h00
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  • Paolla Oliveira -
    Paolla Oliveira – (Fê Pinheiro/.)

    Eu nunca acreditei apenas na beleza. É claro que ela me ajudou na carreira, mas não é só por isso que você se estabelece. Eu já sabia desde cedo que não seria por causa de meu rosto bonitinho que realizaria os meus sonhos. Seria preciso empenho e disposição para aprender. Eu tinha consciência de que a beleza por si só não iria me segurar para sempre. Por exemplo: no filme Papai É Pop (que a atriz acaba de estrear com Lázaro Ramos), fiz a mãe que não estava nem um pouco preocupada com a estética. Foi um trabalho tão rico que, de certa forma, me levou a pensar como são injustas as pressões que as mulheres sofrem na sociedade. As mulheres precisam se olhar com mais carinho, mais ternura e com menos julgamentos. Eu vivo uma montanha-russa de emoções. Participar de novela exige muito (Paolla faz a dublê Pat em Cara e Coragem, da TV Globo). Com esse trabalho, percebi que, às vezes, se arriscar, pular de prédio ou fazer explosões é bem mais fácil do que tocar a vida.

    Fala-se muito em sororidade, uma palavra da moda, mas ela acontece nos pequenos atos. Com o tempo, adquiri a segurança para fazer o que quiser, falar o que penso, e não ficar preocupada com padrões de beleza. Outro dia, veio uma pessoa tirar uma foto comigo e questionou se eu faria o retrato sem maquiagem. É o tipo de pergunta que não cabe mais, pelo menos para mim. A gente é quem é, com ou sem maquiagem, perfeita para uns, imperfeita para outros. Pensar assim trouxe uma sensação de liberdade. Hoje em dia, não preciso acreditar nos títulos que me dão. Isso é uma coisa externa, não fui eu que criei. Não ligo mais para rótulos. Isso não me incomoda mais. É algo bom que vem com a maturidade.

    E na internet ainda tem o problema do assédio. Já passei por cantadas e piadas de mau gosto que me deixaram constrangida, e sempre trazia a responsabilidade para mim: será que eu deveria me portar de outra maneira? Claro que não! Descobri que a culpa nunca é nossa. O assédio é sorrateiro. Felizmente, sou segura a ponto de retrucar na hora e dizer à pessoa que não entendi o que ela falou. Acho que agir assim é a melhor forma de conquistar o respeito dos outros. Neste momento da minha vida, consigo me colocar dessa maneira, mas não é um posicionamento fácil. Críticas a um trabalho são bem-vindas. O problema é que as pessoas confundem opinião com julgamento, e essa confusão é feita o tempo inteiro, principalmente nas redes sociais. Se é uma crítica construtiva, levo numa boa. Se for agressiva, bloqueio e pronto. Não gasto mais tempo e energia com o que é ruim. A internet virou terra de ninguém — as pessoas julgam muito e o tempo todo.

    Com a história do stalker (Paolla foi perseguida por um assediador), vi que o mundo das redes sociais também pode virar um problema real quando ele bate à sua porta. Bateram literalmente à minha porta, e aquela situação foi parar na delegacia. Meu Deus, que maluquice. Às vezes, as pessoas estão tão carentes que recorrem à rede social, um lugar onde se confunde afeto com assédio. No meu caso, a coisa tomou uma proporção gigantesca. A pessoa chegou a falar com meus amigos, conseguiu meu endereço. Estamos expostos, mas as mulheres certamente mais. Tive uma sensação muito estranha quando, na delegacia, começaram a me questionar se conheci, se vi o sujeito alguma vez, se toquei no celular dele. Mas por que tantas perguntas se eu estou dizendo que não? Meu recado é: denuncie. O problema não pode ser resolvido se a gente não expor quem assedia. Se perguntarem a você se tem algo para contar, diga com todas as letras. Como me sinto agora? Livre das amarras e dos julgamentos, e com a liberdade de dizer o que penso e me mostrar como quero: exatamente como sou.

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    Paolla Oliveira em depoimento dado a Simone Blanes

    Publicado em VEJA de 3 de agosto de 2022, edição nº 2800

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