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Feios, ingênuos e graciosos: o que está por trás do fenômeno Labubu

O monstrinho de pelúcia lançado por um fabricante da China ganha o mundo com a ajuda de fãs famosos e enriquece a empresa responsável pela produção

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 jul 2025, 16h20 - Publicado em 28 jun 2025, 08h00

É pueril, mas cabe uma compreensão adulta. A não ser que você esteja no mundo da lua, e apartado das redes sociais — o que soa improvável —, já deu de cara com uns feiosos monstrinhos de pelúcia que parecem misturar coelho, elfo e gremlin. Bem-vindo ao universo particular dos Labubus, criação de um artista de Hong Kong para a Pop Mart, gigante chinesa de brinquedos colecionáveis. Virou fenômeno de gente grande, alimentado por famosos. Começou com a turma do quarteto sul-coreano Black­pink. Não demorou, como todo modismo, para virar onda entre influenciadores a exibir as traquitanas coloridas em vídeos de unbo­xing, aquele truque meio tolo, mas viciante, de ir abrindo caixas para apresentar surpresas. E então deu-se a adesão de estrelas como Rihanna e Dua Lipa, fotografadas com as desajeitadas gracinhas penduradas em bolsas ou na cintura. No Brasil, despontou com artistas como Marina Ruy Barbosa e Pabllo Vittar.

Como onda no mar, vem e voltará para a reclusão do anonimato, mas é farra que não pode ser desdenhada. O valor de mercado da Pop Mart atingiu 1 bilhão de dólares, e contando. Uma peça simples custa algo em torno de 150 reais e pode ir a 800 reais. Uma raridade, digamos assim, do rapper e estilista Pharrell Williams, lotado na Louis Vuitton, foi leiloada ao equivalente a 176 000 reais. Não há estimativa confiável de quantas unidades foram vendidas em todo o mundo.

Loucura? Espuma promovida pela avalanche de visualizações no Instagram, no TikTok e no chinês Xiaohongshu? Pode ser, talvez seja mesmo uma monumental tolice. Mas, como tudo na vida é relativo, diante de tanta guerra um Labubu qualquer merece celebração, mesmo os falsificados.

SUCESSO - Dua Lipa e o brinquedo pendurado na bolsa: item fashion
SUCESSO – Dua Lipa e o brinquedo pendurado na bolsa: item fashion (@dlipahungary/X)

Há quem tente até alguma explicação filosófica, que está valendo, sem dúvida, mas não precisa ser levada ao pé da letra. “Alguns consumidores se entregam a brinquedos para dar a si mesmos algum descanso”, diz Frédérique Tutt, especialista em indústria de brinquedos da Circana, empresa americana de análise de mercado. “Os Labubus nos levam a um universo ingênuo”, ecoa a consultora de moda Camile Stefano. “E, quando a moda se apropria de figuras assim, é para resgatar a imagem lúdica, infantil e até fantasiosa das pessoas. É uma forma mais leve de enxergar a vida.”

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Leve, mas muitas vezes leviana. Não demorou para que golpistas fizessem desse sucesso um atalho para golpes. Atenção, portanto, a sites que anunciam descontos espetaculares. São contrafações, atalhos para roubar dos incautos informações de cartões de crédito. Atenção, portanto, aos larápios. Eles logo partirão a caminho de outras praias, deixando para trás os seres orientais que conquistaram o Ocidente. Na dúvida, em tempos tão bicudos, convém lembrar de uma frase do filósofo alemão Karl Groos (1861-1946): “Nós não paramos de brincar porque envelhecemos, mas envelhecemos porque paramos de brincar”. Brinquemos, pois, como fizemos no passado recente com o Tamagotchi e o Fidget Spinner, aquele disquinho giratório de girar a cabeça. Até o próximo modismo.

Publicado em VEJA de 27 de junho de 2025, edição nº 2950

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