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Levamos a primeira picape híbrida do Brasil para a Serra da Mantiqueira

Testamos a nova Ford Maverick por estradas, cidades e trechos de terra para entender o potencial da caminhonete e descobrir boas opções turísticas na região

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 ago 2023, 16h15
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  • O GPS diz que a estrada em que estamos tem apenas 5 quilômetros, mas prevê que vamos chegar ao destino em quase trinta minutos. Deixamos o asfalto das sinuosas estradas que dividem a região entre São Paulo e Minas Gerais e entramos em um caminho de terra que mal comporta dois carros lado a lado. O caminho sobe, desce e ondula pela encosta, mas por sorte o tempo firme dos últimos dias tornou a passagem mais fácil. Quando chove, boa parte desses trechos fica intransitável e é preciso recorrer a veículos com tração nas quatro rodas. Às vezes, nem eles dão conta do recado. Com cenários belíssimos e centenas de pequenas rotas que mal aparecem no mapa do celular, a Serra da Mantiqueira é assim: repleta de atrações turísticas escondidas em meio à natureza. No último final de semana, rodamos cerca de 650 quilômetros por algumas de suas estradas a bordo da nova Ford Maverick, primeira picape híbrida à venda no Brasil, para visitar alguns dos melhores destinos da região.

    Seguimos de São Paulo direto para Piranguçu, em Minas Gerais, pela Fernão Dias, em um único estirão. Fomos em quatro adultos, que vão com conforto na cabine. Os bancos da frente, em couro na cor marrom, têm ajustes elétricos, e o volante tem regulagem de altura e profundidade. É fácil encontrar uma posição confortável para dirigir por horas. Há uma boa variedade de porta objetos e copos para levar o fundamental em uma viagem de algumas horas, como café, água e alguma comida para beliscar. As duas principais desvantagens estão relacionadas à conexão com Android Auto ou Apple Car Play. É preciso usar um cabo, e não há carregador por indução. Podem parecer detalhes, mas são comodidades esperadas em um carro de R$ R$ 244.890.

    No banco de trás, os bancos são um pouco mais reclinados que uma picape tradicional, mas ainda são mais retos que um veículo de passeio mais convencional. Portanto, após longos períodos na estrada, a posição pode ficar um pouco desconfortável. Duas pessoas viajam com espaço, mas um terceiro ocupante fica apertado. A melhor opção é usar o apoio de braço com porta-copos. Uma desvantagem é a ausência de saídas de ar para quem está atrás. Há apenas uma saída para carregar o celular.

    A caçamba, de 943 litros, com capacidade para até 659kg de carga, pode funcionar como um grande porta-malas. Mas é preciso algum preparo. Além de uma cobertura marítima, é fundamental usar uma rede ou cordas para prender tudo e não deixar a bagagem chacoalhando atrás. Existem acessórios específicos para facilitar o transporte de objetos pequenos. E para quem está acostumado a um hatch ou mesmo um sedã médio, o espaço é bastante generoso para levar muita coisa. Há ainda um compartimento de 73 litros sob o banco de trás que acomoda uma mochila e uma bolsa e alguns outros objetos pequenos.

    Visual da Serra da Mantiqueira é suficiente para justificar a viagem -
    Visual da Serra da Mantiqueira é suficiente para justificar a viagem – (André Sollitto/VEJA)
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    Após pouco mais de quatro horas de viagem chegamos em Piranguçu, cidade de apenas 5 mil habitantes (3 mil na zona rural) que é pouco conhecida, mas está em posição estratégica. Com algumas simpáticas opções de acomodação, ela está próxima de Campos do Jordão, de Itajubá, importante centro urbano da região, e de Maria da Fé, conhecida pela produção de azeite. A pequena cidade tem atrativos, como escolas de equitação e trilhas de mountain bike. De lá também é possível visitar a Vinícola Ferreira, cujo vinho Piquant Soleil recebeu medalha de ouro no importante prêmio internacional Decanter Awards. Uma opção é se hospedar lá, em locais como a pousada Tons da Mantiqueira ou a Fazenda Maratea, e circular pela região.

    Quem está disposto a aproveitar as diversas rodovias de pista simples, repletas de curvas e subidas, pode ir um pouco mais longe, para cidades como São Bento do Sapucaí, com olivais, vinícolas e restaurantes instalados no meio das montanhas. O belo visual e as estradas, muitas delas bem cuidadas, com asfalto novo, aumentam o prazer de dirigir e instigam a enfrentar alguns quilômetros a mais.

    A experiência ao volante da Ford Maverick é muito semelhante à de um SUV compacto. A picape é construída sobre chassis monobloco, como a maioria dos veículos de passeio, o que significa que assoalho, laterais e teto são uma peça única. Isso torna as manobras mais naturais, apesar do comprimento maior. A direção é leve e a troca das marchas da transmissão automática eCVT é imperceptível. O carro é extremamente silencioso, e mesmo quando o motor à combustão entra em ação seu ronco é discreto. Ela é confortável e responsiva, graças ao motor EcoBoost 2.0, com 253 cavalos e 380Nm de torque. A aceleração é rápida, bem como as retomadas, graças ao torque instantâneo do motor elétrico. 

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    Caçamba de 943 litros carrega até 659 kg de carga -
    Caçamba de 943 litros carrega até 659 kg de carga – (André Sollitto/VEJA)

    Embora a vida a bordo seja divertida, é bom conhecer algumas das atrações locais. E uma das paradas mais interessantes na região é a cidade de Piranguinho, capital do pé de moleque. Há uma grande variedade de barracas, identificadas por cores, que vendem os doces. A mais tradicional é Barraca Vermelha, localizada no km 11 da BR-459. A história oficial diz que as atividades começaram em 1936, quando Modesto Torino, chefe da estação de trem de Piranguinho, liberou a venda dos quitutes feitos por sua mulher, Matilde, e pela filha, Alcéa, para os viajantes. Quando o trem deixou de circular, Alcéa abriu a barraca à beira da estrada, e é lá que ela está até hoje. Entrar ou sair do estacionamento à beira da rodovia requer atenção. A Maverick tem uma boa câmera de ré, mas não tem sensores de estacionamento dianteiros ou traseiros. Fazem falta, ainda mais considerando os 5,1 metros de comprimento do veículo.

    De volta à estrada. Dessa vez, evitamos as rotas asfaltadas e levamos a caminhonete para a terra – a caminho de São Bento do Sapucaí. Ao contrário da Maverick totalmente à combustão, a versão híbrida não tem tração nas quatro rodas. Mas isso não significa que ela não encare bem caminhos um pouco mais rústicos. Não pegamos nenhum trecho muito extremo, mas a suspensão macia e o motor capaz deram conta das subidas e descidas em meio aos buracos na terra batida com facilidade. 

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    Após quase uma hora de trechos mais acidentados, chegamos ao Oliq, olival que produz uma diversidade de azeites na Serra da Mantiqueira. O charmoso restaurante onde é servido o almoço tem arquitetura moderna e fica em um agradável vale. É possível fazer um piquenique no gramado, ou participar de uma visita guiada pelos olivais, plantados nas encostas, para entender o processo de fabricação, por R$ 59, com degustação ao final. Ou sentar no restaurante para um saboroso almoço. O menu é enxuto, mas com opções para todos os gostos, incluindo uma degustação das variedades de azeite da casa. Depois da refeição, vale a pena escolher um dos sorvetes feitos por lá, incluindo um de sabor de azeite. Os pratos custam cerca de R$ 100, e é necessário fazer reserva com antecedência para não correr o risco de ficar sem uma mesa. Antes de sair dá ainda para passar na loja e levar alguns azeites, vinhos da região ou geleias para casa.

    O Oliq, em São Bento do Sapucaí, oferece visitas guiadas pelos olivais e serve boas opções de almoço -
    O Oliq, em São Bento do Sapucaí, oferece visitas guiadas pelos olivais e serve boas opções de almoço – (André Sollitto/VEJA)

    Ao final do passeio, após 647 quilômetros, já em São Paulo, o computador de bordo ainda acusava quase 250 quilômetros de autonomia. Com uso misto, principalmente em estradas, mas com alguns trechos urbanos, nossa média foi de 17,3 km por litro. Com uso exclusivo na cidade, pode chegar a 35 km/l, resultado impressionante.

    A experiência de dirigir a Ford Maverick híbrida é bastante agradável. Tem uma pegada urbana, focada nos clientes acostumados a SUVs médios, mas encara com conforto estradas e trechos de terra. A aposta da montadora é cativar famílias que precisam de espaço para carregar bastante bagagem e querem rodar muito gastando pouco. O único problema é o preço: R$ 244.890, mesmo valor da versão à combustão. São veículos com propostas bastante diferentes. Para quem está em busca das vantagens de uma picape, mas não quer abrir mão do conforto de um utilitário esportivo, ela pode ser uma boa opção.

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