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Livres, leves e soltos: os ternos passam a priorizar o conforto

Menos retos e bem mais folgados, eles consolidam o caminho de liberdade que a moda masculina tem trilhado no últimos anos

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 jul 2024, 08h00
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  • Quem observa com atenção os desfiles de moda masculina e a ainda mais vistosa passarela dos tapetes vermelhos percebe uma novidade nos trajes dos homens: o estilo formal está cedendo lugar a roupas mais livres e descoladas. A mudança se aplica inclusive ao conjunto mais certinho do guarda-roupa deles, o clássico e sóbrio terno e gravata, que não saiu de cena, claro, mas ganha toques de conforto e ousadia compatíveis com a nova era da alfaiataria relax. Não é a primeira vez que a informalidade tenta destronar o terno, um uniforme elegante e discreto que resiste há décadas, com pouca variação, por ser praticamente impermeável a erro. Agora, no entanto, ele vem surpreendendo como uma das mais evidentes expressões de emancipação e criatividade, endossada nas semanas de moda de Milão e Paris. Nelas, as linhas retas e justas dão lugar a peças soltas e versáteis, às vezes até amassadas, como exibiu a Prada. Também há camisetas sob o paletó, na mistura da Louis Vuitton, camisas com golas e mangas para fora, na proposta de JW Anderson, e até shorts curtos no lugar de calças, como desfilou a Gucci. Definitivamente, os tempos mudaram.

    CASUAL - Prada: adeus, discrição e sobriedade
    CASUAL – Prada: adeus, discrição e sobriedade (Giovanni Giannoni/WWD/Getty Images)

    Os maiores divulgadores da alfaiataria adaptada à rotina e aos humores do homem pós-pandemia, mais despojado e disposto a arriscar, são celebridades (ou nem tanto) que, em ocasiões de brilho e festa, abrem mão da gravata e adotam roupas de silhueta fora dos padrões e cores que fogem dos convencionais preto e cinza. O sempre estiloso ator Brad Pitt faz parte desse time, posando com trajes que vão do verde-claro ao salmão.

    Galãs brasileiros também dão sua contribuição, como se nota no visual totalmente branco e não tão certinho de Cauã Reymond ou na produção de paletó longo, camisa aberta e short adotada pelo ator João Guilherme. “A alfaiataria deixou de ser só aquele costume usado em ocasiões especiais ou no trabalho. Ela agora se mistura ao casual, impulsionada pela moda de rua”, diz o estilista Mario Queiroz, professor da PUC-SP. Em outras palavras: vestir-se para aparecer e dar o que falar deixou de ser exclusividade das mulheres.

    OUSADIA - Cauã Reymond, Brad Pitt e João Guilherme (da esq. para a dir.): combinações irreverentes
    OUSADIA - Cauã Reymond, Brad Pitt e João Guilherme (da esq. para a dir.): combinações irreverentes (@cauareymond/@iude/instagram; Dominique Charriau/Getty Images; Stephane Cardinale/Corbis/Getty Images)
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    Pesquisas de tendência mostram que fatores como a herança do home office deixada pela pandemia e até o aquecimento global contribuem para a indústria apostar em alternativas ao terno e gravata. O movimento reflete outros momentos favoráveis à liberdade de estilo, a começar pela rebeldia do jeans e jaqueta de couro de James Dean nos anos 1950, passando pelas peças oversized da década de 1980, pelos metrossexuais dos anos 2000 e culminando no jeito de ser da geração Z, que rompeu os limites entre a sobriedade e o exagero. “A alfaiataria se tornou um instrumento para o homem que deseja se descolar daquela imagem de machão”, afirma Queiroz. Os puristas podem estranhar e reclamar — e, claro, há lugar para eles também. Mas se vestir sem amarras está na moda.

    Publicado em VEJA de 5 de julho de 2024, edição nº 2900

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