Na SPFW, LED mescla técnicas e tecidos em coleção inspirada em gambiarras
Estilista Célio Dias se uniu ao diretor criativo Cleu Oliver e ao pesquisador piauiense Sávio Drew para mostrar peças que refletem o "jeitinho" brasileiro
A marca mineira LED mostrou sua nova coleção na São Paulo Fashion Week. “Gambiarra“, ou “Grande Artifício da Mecânica Brasileira Inventado para Arrumar, Recuperar ou Realizar Algo”, segundo o estilista Célio Dias, é uma forma que marcas independentes, como a sua, encontram para movimentar o mercado e mostrar seu trabalho. Dias se uniu ao diretor criativo Cleu Oliver e ao pesquisador piauiense Sávio Drew para mostrar camisas listradas, bolsas que remetem à feira, peças jeans com diferentes lavagens, calças de linho, bordados e crochês. Mas a gambiarra é fundamental para entender a proposta. Esse “jeitinho” é revelado de forma mais explícita nos grampos, alfinetes, mosquetões e cordas que unem as peças. Mas também no uso de malha ao lado de tecidos mais nobres, bem como na mescla de técnicas.
Em entrevista a VEJA, Célio Dias falou sobre a nova coleção. Confira:
Como traduzir a gambiarra na elaboração das peças?
Gambiarra é o que marcas independentes fazem para poder existir em um país onde a moda não tem tantas oportunidades. Então a concepção toda da coleção é a partir de tecnologia nacional e tudo que precisamos fazer para conceber as peças. A gambiarra está em toda coleção através da nossa inteligência brasileira.
Como foi a pesquisa das referências? O que te inspirou?
A pesquisa foi em um Brasil com S real e saindo da rota que a gente conhece. Foram pesquisas e referências de um Brasil profundo, que na verdade é o que me inspira. Trouxe comigo o pesquisador Sávio Drew e juntos construímos as narrativas de gambiarra.
De que maneira a gambiarra se mesclou aos acabamentos manuais que já são marca de LED?
Juntei seda com malha, o extraordinário com o ordinário. A ideia foi justamente mesclar técnicas sofísticas com acabamentos que podem ser feitos em casa. A manualidade é uma técnica ancestral e que resiste aos tempos. Na LED entendemos isso como inteligência brasileira.
Você está oferecendo gratuitamente os moldes para que outras pessoas possam replicar as peças de crochê e bordado. Como você vê essa possibilidade de reinterpretação de suas criações?
Eu vejo como a moda deve ser vista, livre das regras e cheia de personalidade. A moda é a forma de manifestação que a gente tem todos os dias e devemos usar dela como a gente se sentir bem. Então além de tudo a LED fala de liberdade. De poder ser o que você se sentir bem e usar o que te deixa seguro para ser você.