O que esperar da nova safra do mais francês dos ícones chilenos
Inspirado nos grandes vinhos de Bordeaux, na França, o Almaviva mostra consistência após mais de 25 anos no mercado
O vinho Almaviva, uma parceria entre a vinícola Concha Y Toro com o Chatêau Mouton Rothschild já tem uma longa tradição entre os grandes vinhos chilenos. Trata-se de um corte inspirado nos grandes rótulos de Bordeaux, na França, produzido no cobiçado terroir chileno do Puente Alto, no Vale de Maipo. Também como é comum no caso dos chateaux bordaleses, o portfólio é extremamente limitado. Não raro, é composto por um único rótulo. Em outros, há o principal, seguido por outro, um pouco (mas não muito) mais barato, feito com as uvas que não foram consideradas tão boas para o ícone da casa.
Pela primeira vez, o enólogo do Almaviva, Michel Friou, veio ao Brasil para apresentar a nova safra do vinho antes de seu lançamento oficial na Place de Bordeaux, o sistema de vendas indiretas surgido para atender aos grandes produtores da região, no dia 6 de setembro. Embora não tenha fornecido dados precisos, Friou destacou que o Brasil é, hoje, um dos principais mercados de Almaviva.
A safra 2021, que chega agora ao mercado, é resultado de uma colheita atípica. “Tivemos um inverno chuvoso, o que é bom para as vinhas e os solos. Depois, a chuva só retornou em janeiro, perto da colheita, o que é problemático”, conta o enólogo. No fim, ele afirma que ficou satisfeito com o perfil da colheita, mais elegante e delicada que a anterior. Embora ainda jovem – Friou afirma que a janela ideal para o consumo do Almaviva é entre 5 e 15 anos após a safra indicada no rótulo -, o Almaviva 2021 já mostra frescor e elegância. “São características muito buscadas hoje”, diz o especialista. Ainda não há previsão de quando ele chegará ao mercado brasileiro.
Além da nova safra de Almaviva, Friou apresentou duas safras anteriores, a 2019 e a 2013. O Almaviva 2019 tem um perfil de taninos mais cremosos, resultado da maturação mais lenta das uvas naquele ano. O 2013, com 10 anos, já apresenta maior complexidade e sinais do envelhecimento, embora ainda esteja com grande potência e estrutura. O enólogo também mostrou, também em primeira mão, a nova safra do Epu, o segundo vinho produzido pela vinícola. O Epu 2020 tem perfil de fruta fresca, potente e jovem. É um grande segundo vinho, que agora é vendido com um novo rótulo, cujo design dialoga com o ícone da vinícola.
Embora o Chile tenha um clima mais consistente do que, por exemplo, Bordeaux, Friou conta que as mudanças climáticas já têm feito com que novas técnicas precisem ser aplicadas nos vinhedos. A irrigação é a principal delas. “Um processo antes ‘divino’, digamos, está cada vez mais humano”, afirma o enólogo. “Hoje, a decisão de irrigar é nossa. E a frequência, a quantidade e a forma como fazemos isso é diferente dos nossos vizinhos. O resultado, portanto, também pode ser diferente.
Hoje, a safra mais atual disponível nas lojas é o Almaviva 2020 (à venda por R$ 3.490 na World Wine). Outras safras, mais antigas, são mais difíceis. Quanto ao Epu, a mais recente disponível é a 2019 (R$ 790), mas é mais fácil encontrar safras anteriores com um pouco mais de facilidade.