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PGR e Ministério da Justiça discutem buscas por indigenista e jornalista

PF, Marinha e Força Nacional fazem varreduras no trecho entre a comunidade São Rafael e Atalaia do Norte, onde teria ocorrido o desaparecimento

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Sabrina Brito Atualizado em 6 jun 2022, 19h32 - Publicado em 6 jun 2022, 17h50

O Ministério da Justiça e a Procuradoria-Geral da República se reuniram na tarde desta segunda-feira, 6, em Brasília, para discutir as providências tomadas para localizar o indigenista brasileiro Bruno Araújo e o jornalista britânico Dom Phillips, na região do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas. O procurador-geral Augusto Aras e o ministro Anderson Torres participaram do encontro. Em nota, a PGR destacou a importância de as instituições atuarem de forma conjunta nas buscas e nos demais desdobramentos do caso.

Polícia Federal, Marinha e Força Nacional estão fazendo varreduras no trecho entre a comunidade São Rafael e o município de Atalaia do Norte (AM), onde teria ocorrido o desaparecimento. A PGR tem atuado para garantir a estrutura necessária aos procuradores que acompanham o caso direto do Amazonas. A Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais (6CCR) também está em contato permanente com os representantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), entidade para a qual o indigenista, licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), presta serviços.

Pereira e Phillips, colaborador do jornal The Guardian, desapareceram neste domingo, 5, durante um deslocamento para visitar comunidades ribeirinhas e indígenas no estado do Amazonas. O indigenista brasileiro já recebeu diversas ameaças por seu trabalho contra invasores da região do Vale do Javari, como pescadores e madeireiros. A Polícia Federal investiga o caso e o governo do Reino Unido informou que está em contato com as autoridades brasileiras e fornecendo apoio consular à família de Phillips.

De acordo com a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas e de Recente Contato (OPI), o indigenista e o repórter sumiram após fazer o trecho entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. O objetivo da viagem era visitar a equipe de Vigilância Indígena, perto do Lago do Jaburu e nas imediações de uma base de vigilância da Funai, para que Phillips pudesse entrevistar membros das comunidades locais.

A dupla, que viajava em uma embarcação nova e com combustível suficiente para o trajeto, chegou na noite da última sexta-feira, 3, e retornaria neste domingo, 5, para a cidade de Atalaia do Norte. Antes de chegar ao destino, segundo a Univaja e a OPI, Pereira e Phillips estiveram na comunidade São Rafael para uma reunião que o indigenista tinha agendado com um líder comunitário conhecido como Churrasco. O encontro era para “consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território bastante afetada pelas intensas invasões”.

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Ainda de acordo com as entidades, informações trocadas por meio de Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT confirmam que eles estiveram na comunidade, conversaram com a esposa de Churrasco e, como o homem não estava no local, seguiram para Atalaia do Norte, onde deveriam ter chegado por volta das 9 horas da manhã. Desde então, são procurados.

Devido à sua experiência como indigenista, Pereira conhece bem a região, o que faz com que a hipótese de que os dois homens tenham se perdido seja improvável. Grande parte de seu trabalho foi focada em trabalhar com indígenas na proteção de suas terras, que são alvos frequentes de invasões.

A Univaja informou que indígenas que conhecem a região fizeram buscas em dois horários diferentes, mas não encontraram vestígios da embarcação nem da dupla. “A última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel – que fica abaixo da São Rafael – com relatos de que avistaram o barco passando em direção a Atalaia do Norte.”

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A organização Human Rights Watch afirmou estar extremamente preocupada com a situação e o jornal The Guardian anunciou estar buscando informações sobre Phillips, além de estar em contato com a embaixada britânica no Brasil. Em nota, o Escritório de Relações Exteriores, Commonwealth e Desenvolvimento do Reino Unido informou que entrou em contato com as autoridades brasileiras após relatos do desaparecimento de Phillips e que está “fornecendo apoio consular à sua família”.

A  Polícia Federal, que investiga o caso, informou que a ocorrência está sendo acompanhada pela delegacia da instituição em Tabatinga, no Amazonas.

Em nota, a Funai informou que está em contato com as forças de segurança que atuam na região e colabora com as buscas. “Cumpre esclarecer que, embora o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira integre o quadro de servidores da Funai, ele não estava na região em missão institucional, dado que se encontra de licença para tratar de interesses particulares.”

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