Em 1623, 36 peças escritas pelo dramaturgo inglês William Shakespeare foram reunidas em único volume. Publicado sete anos após sua morte, o Mr. William Shakespeare’s Comedies, Histories, & Tragedies, também conhecido como First Folio, se tornou uma das obras influentes de todos os tempos. Dos 750 exemplares originalmente publicados, apenas 235 ainda existem – e um deles está prestes a ir a leilão.
A cópia bem preservada do First Folio ficará exposta nas galerias da Sotheby’s em Londres até o dia 15 de junho antes de finalmente ser leiloada em Nova York no dia 7 de julho. Especialistas acreditam que a obra pode alcançar US$ 2,5 milhões no certame – mas exemplos anteriores apontam que essa é, na realidade, uma expectativa conservadora.
Em outubro de 2021, outra edição do Shakespeare First Folio foi leiloada pela casa Christie’s de Nova York por US$ 9,978 milhões, o maior valor já arrecadado por uma obra literária. O comprador foi Stephan Loewentheil, um colecionador de livros raros que comprou o volume como peça central de uma “coleção de grandes realizações intelectuais da humanidade”.
Como nenhum manuscrito original de Shakespeare sobreviveu, o First Folio tem um papel importante em preservar alguns de seus maiores clássicos, como Macbeth, A Tempestade e Noite de Reis, entre outras, poderiam ter sido perdidas para sempre. A própria divisão das peças em tragédias, comédias e dramas históricos continua a ser utilizada até hoje.
A cópia que vai a leilão tem procedência escocesa e é especial porque tem inúmeros registros de seus donos. Foi adquirida pela família Gordon no começo do século 17 e foi passada por gerações até ser adquirida posteriormente pelo historiador e ativista político R W Seton-Watson. Nos anos 1960, foi comprada pelo colecionador americano Abel E Berland, executivo do mercado imobiliário e bibliófilo de Chicago. “A aparição de um Shakespeare First Folio no mercado é sempre um grande evento, com tão poucas cópias restantes em mãos privadas”, afirmou Richard Austin, chefe global de livros e manuscritos da Sotheby’s em entrevista ao jornal The Guardian.