Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Produtos de beleza veganos são realmente eficazes?

Com um mercado crescente e bilionário, a indústria de cosméticos aposta cada vez mais em produtos sustentáveis e livres de crueldade em animais

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h03 - Publicado em 7 Maio 2022, 08h00

“Primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza e aos animais.” Essa frase do escritor francês Victor Hugo (1802-1855), dita lá no século XIX, revela que os princípios do veganismo — a filosofia de vida que busca excluir todas as formas de exploração e crueldade com animais para alimentação e outros produtos do cotidiano — vêm lá de trás. À mesa, a onda chegou há alguns anos com pompa e circunstância, na forma de hambúrgueres sem carne e snacks sem conservantes. A novidade, agora, é a explosão de um outro setor, o da beleza. Até 2025 a indústria global de cosméticos veganos terá crescimento de 25% ao ano, chegando a um faturamento de 20,8 bilhões de dólares. A taxa de expansão é 10% maior do que a do mercado convencional, segundo dados do instituto de pesquisa americano Grand View Research. É fenômeno atrelado aos interesses das novas gerações. A Z, sobretudo, dos que nasceram no fim dos anos 1990 e são agora jovens adultos, topa pagar a mais por produtos que não firam a natureza.

Nesse caminho, empresas veteranas e reputadas começam a voltar seus olhos para a janela aberta — porque querem lucro, sem dúvida, mas também porque precisam estar de mãos dadas com o bom senso. Em 2018, a L’Oréal anunciou a compra da Logocos, um dos principais fabricantes alemães de cosméticos do bem. Foi o marco inicial de um movimento muito interessante. No Brasil, há companhias que crescem e aparecem com a pegada. Marcas pouco conhecidas começam a desafiar outras já estabelecidas. A Simple Organic oferece cosméticos “orgânicos, veganos, naturais e cruelty-free”, reconhecidos pela Peta, a entidade internacional que briga contra a manufatura atrelada à crueldade animal. A Noviole trabalha com fórmulas desenvolvidas por dermatologistas. A B.O.B (Bars over Bottles) é muito procurada.

arte veganos

Há, porém, dores do crescimento que não podem ser negligenciadas. As grifes são sérias, respeitam as regras, mas muitas usam produtos — como conservantes e corantes (veja no quadro) — que não as autorizaria, ao pé da letra, a exibir com orgulho o rótulo de 100% naturais. “Qualquer produto precisa ter conservantes ou se degrada, ainda mais extraídos de plantas”, diz Edileia Bagatin, professora da Unifesp e coordenador do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, (SBD). “Além disso, há fragrâncias e cores que são químicas. É falsa a ideia de serem 100% naturais.” A imprecisão nas formulações, insista-se, não significa risco à saúde. “Mas não é porque é vegano que é seguro”, afirma Renato Hikawa, médico coordenador do Ambulatório de Dermatite de Contato da Unifesp. “Veneno de cobra também é natural”, compara. Atentas, as empresas intuem que sustentariam críticas por vender gato por lebre (embora a grande maioria não faça isso), mas precisam a todo custo evitar problemas. “O que nos preocupa, acima de tudo, é a saúde dos consumidores”, diz Patrícia Lima, CEO da Simple Organic. “É o conjunto de ativos que vai dar resultado”, ecoa Carine Dal Pizzol, gerente de pesquisa e desenvolvimento da Sallve.

Para além da postura em relação às demandas da sociedade — ser vegano ou não ser, eis a questão —, uma pergunta não quer calar: são eficazes? Esses produtos não alcançam camadas mais profundas da pele como os tradicionais, munidos de tecnologias avançadas e anos de estudos científicos. Entende-se, porque levantamentos clínicos robustos custam caro, embora as companhias digam ter interesse em exibir relatórios consistentes para eliminar as sombras. “O que mais queremos é comprovar eficácia, de modo a afastar os receios em torno da beleza limpa”, insiste Patrícia Lima, da Simple Organic. É preocupação louvável — convém, portanto, como em tudo na civilização, não manter uma postura politicamente correta apenas porque pega bem em sociedade. Nem todo verde — ou vegano — é o que parece ser.

Publicado em VEJA de 11 de maio de 2022, edição nº 2788

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.