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Quem é o estilista que virou nome incontornável entre famosas de Hollywood

Law Roach é celebrado por montar os figurinos e com eles construir personagens

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 13 out 2024, 08h00
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  • Ele nunca diz não a Zendaya. Nem a Anya Taylor-Joy, Lindsay Lohan e Hunter Schafer. E não diz porque elas não deixam. Há um nome incontornável hoje nas passarelas: o estilista Law Roach. É uma figura que compõe modelos não apenas bonitos e vistosos, mas que ajudam a construir ícones da cultura pop. Roach se autodenomina “arquiteto de imagem”, títu­lo que adotou como marca registrada. Afinal, não cria roupas, mas escolhe as peças como ninguém. Vive em Los Angeles, mas é muito influente em Paris. Trata-se, enfim, do nome da hora na moda. Não à toa, foi homenageado com o prestigioso prêmio Estilista do Ano, da revista Holly­wood Reporter, e como Estilista do Conselho de Designers de Moda da América, em 2022.

    Não por acaso, portanto, ocorreu enorme alvoroço após Roach declarar, do nada, que sairia de cena. “A política, as mentiras e as narrativas falsas finalmente me pegaram”, postou no Instagram. “Vocês venceram… Estou fora.” Deu-se o rompante depois dos severos insultos que sofreu (e com razão, diga-se) ao chamar a atriz Priyan­ka Chopra Jonas de gorda. Um outro suposto motivo: um ataque de estrelismo porque não foi posto ao lado de Zendaya na primeira fila do último desfile da Louis Vuitton, realizado na cidade de Paris. Houve quem apontasse o dedo do racismo. Não é improvável, e convém sempre estar atento a Roach, que não leva desaforo para casa, nunca.

    Contudo, com o mesmo estardalhaço com que disse adeus, voltou leve e faceiro, para alívio das pupilas e das pupilas de quem admira suas roupas. Ao retornar, vestiu Zendaya (e quem mais?) de modo dramático, em azul-cobalto, insinuante, para o Met Gala, o baile beneficente do Museu Metropolitan, em maio. “Eu estava apenas cansado”, justificou ao New York Times. Também enfrentava o luto pela morte do sobrinho de 3 anos, que caiu do 17º andar (“não tive tempo nem de lamentar”, disse). Agora, firme e forte, de nariz empinado, Roach lança o livro How to Build a Fashion Icon — Notes on Confidence from the World’s Only Image Architect, uma espécie de guia para se tornar confiante, com dicas, truques e histórias de um fenômeno que passou de outsider a estrela da indústria. A obra tem pinta de autoajuda (“quero chegar ao âmago das pessoas”, afirmou o autor), mas é o manifesto de um homem negro e gay que não aceita ser tratado à margem.

    GALERIA - Lista nobre nas passarelas: Anya Taylor-Joy (à esq.), Lindsay Lohan e Hunter Schafer, modelos para quem o costureiro de Chicago jamais diz não
    GALERIA - Lista nobre nas passarelas: Anya Taylor-Joy (à esq.), Lindsay Lohan e Hunter Schafer, modelos para quem o costureiro de Chicago jamais diz não (Michael Tran/FilmMagic/Getty Images; MEGA/GC Images/Getty Images; Leon Bennett/FilmMagic/Getty Images)

    Aos 46 anos, nascido em Chicago e criado por uma mãe solteira que o abandonou aos 14, Roach teve de ir à luta desde cedo. Foi acolhido pela avó, e com ela diz ter sido “enfeitiçado pelo estilo”, ao observar como se vestia. Com ela também ia aos brechós, onde descobriu o dom de encontrar “diamantes brutos”. No final dos anos 1990, conheceu Siobhan Strong, com quem abriu a loja Deliciously Vintage, e ganhou fama ao ter uma peça comprada pelo rapper Kanye West para sua então namorada, a modelo Amber Rose. Em 2011, recebeu o telefonema que mudaria sua vida. Era um dos agentes de uma atriz adolescente da Disney, uma certa Zendaya — e o resto é história. Ela virou ícone de moda. Ele atraiu clientes em profusão.

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    Roach não desenha modelos, debruçado em uma folha de papel ou no computador. Ele imagina visuais, cores, proporções. A excelência e o sucesso do que faz, sempre de mãos dadas com estrelas, começa a ser comparado com outros momentos da bela travessia do estilo. O par com Zen­daya, por exemplo, é comparável ao de Hubert de Givenchy (1927-2018) com Audrey Hepburn (1929-1993), ou de Jean-Paul Gaultier com Madonna, Bob Mackie e Cher. Assediado para novos trabalhos, pelos quais cobra dezenas de milhares de dólares (os valores nunca são revelados), dá-se ao luxo de negar com frequência — a não ser para a fina flor das telas e capas de revistas. “Tenho dito não a muitas pessoas. Exceto Zen­daya”, afirma. E Taylor-Joy, Lohan e Schafer. Um conselho, a partir de agora: sempre que um corte chamar atenção, sempre que uma donzela estiver escandalosamente espetacular, convém verificar a etiqueta. A chance de ter a assinatura Law Roach é imensa.

    Publicado em VEJA de 11 de outubro de 2024, edição nº 2914

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