Em primeiro de Março, Joseph Dituri começou uma jornada, no mínimo, inusitada – ele passaria o maior tempo possível submerso a dez metros de profundidade, na Lagoa Esmeralda da cidade de Key Largo, no estado americano da Flórida. Na última sexta-feira, 9, após 100 dias, ele emergiu trazendo consigo um recorde.
No fundo desse lago fica a Pousada Submarina de Jules. O local é equipado com o básico necessário para viver, mas, diferentemente de um submarino, não tem nenhuma tecnologia de despressurização, o que significa que o professor universitário submeteu seu corpo a um ambiente extremo por todo esse tempo.
Florida diver and biomedical engineer Dr. Joseph Dituri resurfaced from the ‘deep’ after living under the sea for 100 days – setting a new record for underwater habitation pic.twitter.com/AsnsoQVYWM
— Reuters (@Reuters) June 10, 2023
Em 2014, o recorde de maior tempo vivendo submerso sem despressurização foi batido por dois amigos, que passaram 73 dias nesse mesmo hotel. O Guiness Book reconheceu que Dituri quebrou esse recorde no último dia 15 de maio, quando ele completou 74 dias de hospedagem, mas mesmo assim o ex-militar da marinha americana decidiu continuar mergulhado.
Engana-se, no entanto, quem pensa que Dituri, que agora ficou conhecido como Dr. Deep Sea (Dr Fundo do Mar, em português), conseguiu descansar. Durante os três meses e nove dias, ele se alimentou de uma dieta rica em proteínas, fez exercícios, deu aulas por videoconferência e até recebeu convidados – além de conduzir, diariamente, exames e experimentos para entender como seu corpo responderia a alta pressão.
“Explorar o novo sempre resulta em descobertas pessoais e profissionais”, disse Dituri em suas redes sociais. “Essa experiência me mudou de maneiras importantes, e minha maior esperança é ter inspirado uma nova geração de exploradores e pesquisadores a ultrapassar todos os limites.”
Embora o recorde tenha sido amplamente veiculado, o Dr. Deep Sea e a sua equipe dizem que esse não era o propósito final. Segundo eles, o Projeto Netuno 100, como foi chamado, teve como objetivo entender a resposta do corpo a essa condição extrema, o que poderá ajudar pesquisadores oceânicos e astronautas em missões futuras. Os resultados serão apresentados em novembro, na Conferência Mundial de Medicina Extrema.
A missão também envolve educação infantil, divulgação e pesquisa de conservação dos oceanos. Joseph Dituri teve financiamento e apoio da Fundação de Desenvolvimento de Recursos Marinhos (MRDF, na sigla em inglês).