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Um Caribe diferente: por que os brasileiros estão de olho na República Dominicana

O real anda valorizado por lá, o que torna os pacotes de hospedagem all inclusive mais acessíveis até do que badalados destinos do Nordeste

Por Duda Monteiro de Barros, de Punta Cana
21 set 2025, 08h00

Quase 10 000 quilômetros de litoral pontilhado por ilhas, baías e enseadas, tudo com direito à areia de uma brancura rara, moldaram no brasileiro um elevado padrão de exigência quando o assunto é refestelar-se ao sol. Nesta seara, portanto, o desafio de arrebatar o coração nacional, habituado que está a paisagens paradisíacas, água quentinha e bons petiscos à beira-mar, não é nada trivial. Eis que, numa dessas ondas que vez por outra fazem o olhar local se voltar para o turismo fincado na natureza em outros rincões do planeta, a República Dominicana, no concorrido Caribe, tem avançado nas preferências por uma combinação atraente. Às nuances de azul-turquesa emolduradas por coqueiros e recifes, típicas dessa porção insular da América Central, se soma algo essencial nestes tempos em que o câmbio vem castigando quem zarpa do Brasil para gastar em dólar ou euro: o real anda valorizado ante o peso dominicano, o que torna os pacotes de hospedagem all inclusive em hotéis fartos em conforto mais acessíveis até do que badalados destinos do Nordeste.

A maciça presença de brasileiros já se faz visível no aeroporto internacional de Punta Cana, onde se concentram as praias mais visitadas e um parque hoteleiro que tem tomado vulto à medida que o turismo roda com maior vigor as manivelas da economia, que, segundo previsões, deve responder por quase 16% do PIB em 2025, o dobro do ano que passou. Na fila da imigração, entre cliques e muita selfie, português é idioma corrente. A animação segue nos resorts enfileirados ao leste, cercados por vegetação exuberante e embalados por reggaeton, o ritmo de raízes caribenhas que se afina bem com os visitantes que afluem do sul do Equador. Um fator a aproximar brasileiros e dominicanos é uma informalidade aliada a um inesgotável pendor para a balada. “Somos muito parecidos, o que certamente pesa para o aumento ano a ano de viajantes do Brasil”, avalia Carlos Romero, guia oficial do Ministério do Turismo da nação caribenha. De acordo com um recém-divulgado relatório, a quantidade de passaportes verde-amarelos registrados naqueles cartões-postais saltou extraordinários 70% em dois anos, cravando 120 000, o que alça os brasileiros ao rol das nacionalidades que mais crescem nessas praias.

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A CONTA FECHOU – Ao planejar as férias, o músico Ronas Ribeiro, 35, e a advogada Camila Pessoa, 32, queriam um lugar paradisíaco e não tão caro. “Percebemos que o sistema all inclusive vale mais a pena”, diz ele (//Arquivo pessoal)

Fundada pelo irmão de Cristóvão Colombo, Bartolomeu, em 1496, a capital da República Dominicana, Santo Domingo — ou o “coração da América”, como os 11 milhões de habitantes estufam o peito para dizer —, foi o ponto de partida para a vasta colonização da Espanha no Novo Continente. Grande parte do colorido patrimônio arquitetônico segue preservada e conta a história dessa porção de terra por anos disputada com a França, que colonizava o vizinho Haiti. Em 1844, deu-se a independência, mas a pequena nação seria ainda ocupada no início do século XX pelos Estados Unidos, de olho na abundância de cana de açúcar. Os americanos retornaram ainda em plena Guerra Fria para evitar que aquele naco cinematográfico do Caribe pulasse para o lado soviético. O passado não tão distante assim deixou plantado um elo cultural que semeia em quase todo dominicano o sonho de conhecer a Flórida. Nas zonas turísticas de Punta Cana, a TV exibe clipes e programas americanos, e quem não quer se aventurar no “portunhol” pode travar diálogos em inglês — língua, aliás, predominante no comércio exterior, que tem no país governado por Donald Trump seu parceiro maior.

É sob tal moldura que esse minúsculo pedaço do globo alcançou lugar privilegiado entre as economias caribenhas, apresentando a maior renda per capita em meio à coleção de 7 000 ilhas distribuídas por duas dezenas de países e territórios diversos. Um alerta aos que põem os pés pela primeira vez no verdejante cenário é examinar com atenção o preço das lembrancinhas nos domínios dos resorts — não incluídos, claro, e dolarizados. A dica dos mais escolados é ir às compras em pontos menos turísticos de Punta Cana ou na capital, circuito em que vale para os brasileiros uma máxima praticamente em desuso: “Quem converte se diverte”. Um pacote de uma semana para um casal em hotel confortável, onde garçons desfilam com bandejas de drinques produzidos com rum local e doses da tradicional mamajuana, a bebida feita com raízes, vinho, rum e mel, sai em torno de 5 000 reais — mais em conta que em vizinhos como Aruba (18 000) e tradicionais destinos praianos no Brasil, como Porto de Galinhas, em Pernambuco. O período a ser evitado é entre junho e novembro, quando ocorre a temporada de furacões.

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É FESTA - Balada no resort: o reggaeton dá o ritmo da farra
É FESTA - Balada no resort: o reggaeton dá o ritmo da farra (//Divulgação)

O traslado até lá também tem conspirado a favor depois que uma companhia low cost dominicana, a Arajet, lançou voos diretos de Guarulhos, em São Paulo, com passagens a partir de 1 500 reais. “A República Dominicana não exige visto, oferece praias incríveis, e a viagem dura apenas sete horas”, enumera o músico Ronas Ribeiro, 35 anos, que embarcou com a esposa, a advogada Camila Pessoa, 32, para uma temporada de cinco dias. Para a turma que quer expandir o olhar para além dos muros dos resorts, compensa encarar um passeio de pouco mais de uma hora em direção ao oeste, onde de um ano para cá aportaram grandes cadeias hoteleiras europeias e americanas que se propõem a uma programação na qual o reggaeton cede espaço aos bem mais discretos ruídos da natureza. No vilarejo de Miches, tomado de mata tropical intocada, já se avistam os investimentos milionários de empreendimentos de elevado padrão, com bandeiras como Hilton, Marriott e Wyndham. “Estamos começando a receber turistas do Brasil e anotando as preferências deles”, conta Hairo Galindez, gerente de marketing do Zemí Miches, da rede Hilton. Nunca o Caribe esteve tão perto.

Publicado em VEJA de 19 de setembro de 2025, edição nº 2962

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