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Vinis batem recordes de vendas, e reedições luxuosas são a onda do momento

Os formatos físicos, enterrados vivos, passaram a protagonizar uma espetacular volta por cima

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 mar 2025, 08h00

Eles foram dados como mortos por diversas vezes. O fim dos formatos físicos de música, como os vinis e os CDs, virou quase um mantra. Quando os disquinhos se tornaram populares, em meados dos anos 1990, os antigos LPs, desajeitados e grandalhões, foram considerados obsoletos, já que os pequenos sucessores eram compactos, baratos, anunciavam um som límpido — e adeus agulha travada no sulco riscado. Anos mais tarde, em torno de 2000, um pouco menos, com a chegada das plataformas de streaming e a enorme facilidade de ter milhões de canções ao alcance dos dedos, o maravilhoso mundo digital parecia ter sepultado de vez o passado. A onda seduziu muita gente, que se desfez de coleções inteiras, enviadas aos sebos. O mundo mudara.

Eis que os formatos físicos, enterrados vivos, passaram a protagonizar uma espetacular volta por cima, com destaque para os vinis. Boa parte do revival é puxada pelo saudosismo. Aos poucos, para muitos consumidores, bateu aquela saudade de descer a agulha na primeira faixa do lado A e curtir as canções enquanto apreciam as capas de encartes caprichados. Curiosos por esse modo jurássico de apreciar música, os mais jovens, sobretudo os da turma hipster, engrossaram as vendas de LPs, dando o impulso definitivo à recriação de todo um mercado.

Sucessivamente, surgem números e estatísticas que comprovam o fenômeno. O recém-divulgado relatório Mercado Brasileiro de Música, produzido pela Pró-Música, aponta que as vendas físicas do mercado brasileiro registraram crescimento de 31,5% em 2024 e já estão no mesmo patamar de 2017. Os discos de vinil são os principais responsáveis pelo crescimento: representam 76,7% do faturamento. Em 2023, já haviam passado os CDs como maior fonte de renda em mídias físicas. É um relevante indício de que o consumidor está disposto a gastar mais para ter uma cópia do trabalho de seus artistas favoritos. E o Brasil tem força: é o nono maior mercado de música do mundo, responsável por movimentar 3,08 bilhões de reais no ano passado.

GARIMPO - Compradores em sebos e nas poucas lojas: busca por novidades
GARIMPO - Compradores em sebos e nas poucas lojas: busca por novidades (Peter Nicholls/Getty Images)

O mercado não para de inventar novidades para manter a demanda girando em alta rotação. A estratégia do momento é a reedição luxuosa de álbuns clássicos. Nesses pacotes, os LPs podem ser coloridos, transparentes ou até estampados com a arte do álbum (os chamados picture discs) e é comum que cores específicas sejam lançadas em tiragens bastante limitadas. Podem vir com a chamada “memorabilia”, reproduções de ingressos, artes e outros elementos que enriquecem ainda mais a experiência. Muitas vezes, vêm com faixas inéditas, que atiçam a curiosidade dos fãs. Tanto esmero, obviamente, custa caro. A cantora britânica Adele planeja um LP em homenagem a sua residência em Las Vegas repleto de mimos que custará 2 000 reais. Há edições completas de trabalhos de John Lennon ao preço de aproximadamente 15 000 reais (veja abaixo).

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Esse fenômeno de renascimento do vinil foi tão surpreendente que a indústria teve de correr atrás para suprir as necessidades do mercado. No Brasil, as fábricas de vinil fecharam as portas entre o fim da década de 1990 e começo dos anos 2000. Por muito tempo, artistas que queriam fazer prensagens minúsculas de seus trabalhos em LP tinham de recorrer à Europa. Quando a Polysom reabriu em 2009, era a única fábrica em operação da América Latina e começou fazendo reedições de trabalhos seminais. Com o tempo, vieram outros fabricantes, em onda que se escutava mundo afora. Decolou mesmo, para valer, depois que Taylor Swift começou a prensar seus trabalhos no clássico formato, explodindo em vendas. O “revival do vinil”, como passou a ser chamado, veio com a necessidade do público de ter uma relação mais tátil com a arte, algo que sumira com o streaming.

Há quem aprecie o som original dos LPS, “sujo”, mais profundo, sem a compressão digital. Tudo muito bonito, mas convém ressaltar que os discos de 33 rotações são pouco práticos. Mais caros — em decorrência dos impostos de importação, embora o ministro Fernando Haddad tenha prometido revê-los —, ocupam espaço, podem riscar e exigem cuidado, além de um equipamento de som, que precisa ser potente para mostrar todas as qualidades. Mesmo assim, o apelo é magnético. “Sempre achei que sem o vinil você não tem de fato um álbum. E não se trata de um romântico sentimento retrô. É algo vivo”, disse o guitarrista Jack White, ávido colecionador e dono de gravadora, sobre a experiência com os LPs. Para algo que era dado como morto, o futuro parece cada vez mais promissor.

Pacotes de luxo

Produtos caprichados mostram a força do mercado

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ADELE
ADELE (./.)

ADELE
A edição celebra a residência da cantora em Las Vegas. A caixa com três vinis e um álbum de fotos reproduz o design do palco. Custará 2 000 reais.

JOHN LENNON
JOHN LENNON (./.)
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JOHN LENNON
A completíssima edição de Mind Games custa 15 000 reais e vem com nove LPs, seis CDs, dois Blu-rays e uma série de colecionáveis, como pôsteres.

GUNS N’ROSES
GUNS N’ROSES (./.)

GUNS N’ROSES
A caixa reúne os discos Use Your Illusion I e II com um pacote generoso de faixas extras, gravações ao vivo e até livro de capa dura. Custa 2 000 reais.

Publicado em VEJA de 28 de março de 2025, edição nº 2937

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