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1 ano sem Paulo Gustavo: o legado deixado pelo comediante

Humorista foi uma das vítimas da covid-19, aos 42 anos, e sua partida precoce deixou heranças para o humor nacional

Por Redação
4 Maio 2022, 11h48
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  • No dia 4 de maio de 2021, o Brasil recebeu a notícia que torcia para não ouvir: o comediante Paulo Gustavo, que estava há 44 dias internado por complicações da covid-19, não resistiu à doença e morreu no Hospital CopaStar, na Zona Sul do Rio de Janeiro, aos 42 anos e cercado por familiares. Naquela terça-feira, o país, que até então registrava 420 000 mortos pela covid-19, parou para lamentar a partida de um dos humoristas mais queridos do cinema e da televisão, que conquistou os brasileiros com a eterna Dona Hermínia, personagem inspirada em sua mãe. Um ano depois da partida de Paulo, o Brasil contabiliza 664 000 vidas perdidas para a doença. No caso de Paulo Gustavo, que habitava constantemente a sala de milhares de brasileiros, a partida precoce deixou também uma herança indefectível no humor. Confira a seguir:

    A força do humor no cinema

    Na onda gigante em que surfou a comédia brasileira na última década, Paulo Gustavo foi rei — ou, como ele preferia, rainha. Os números em torno do humorista sempre circulavam na casa do milhão. Minha Mãe É uma Peça, iniciada em 2013, com a qual o ator arrastou aos cinemas 16,2 milhões de espectadores, somou 212 milhões de reais em uma bilheteria sem precedentes para o filão. Antes dos cinemas fecharem as portas, em março de 2020, o último sucesso nacional, inclusive, foi Minha Mãe É Um peça 3, visto por quase 12 milhões de telespectadores. É difícil repetir os feitos de Paulo, mas a popularização do humor propiciada por ele fez com que as comédias retomassem sua força: ao longo de 2022, inúmeros filmes do gênero chegam às telas, como O Palestrante, com Fábio Porchat e Dani Calabresa, 45 do Segundo Tempo, com Tony Ramos, Os Suburbanos, com Rodrigo Sant’anna, e Nas Ondas da Fé, com Marcelo Adnet.

    Comédia sincerona

    Paulo Gustavo chegou aonde chegou por sua capacidade de falar a todo mundo, com linguagem de fácil acesso. Parte de uma nova e atual escola de comédia brasileira, o ator desenvolveu uma linguagem solta com cara de improviso que abriu as portas para figuras como Tatá Werneck, Paulo Vieira e Dani Calabresa, que hoje fazem sucesso na televisão com piadas cotidianas, que fazem rir sem esforço, como em uma conversa com amigos.

    Menos preconceito, mais diversidade

    No país que mais mata LGBTQIA+ no mundo, Paulo Gustavo, um homem abertamente gay, fez sucesso vestido de mulher, e mudou a forma como se faz humor por aqui. Na virada dos anos 1980, Jô Soares fazia sucesso como Bô Francineide e Chico Anysio lançava críticas à ditadura na pele de Salomé. Por mais que essas sátiras fossem inspiradas e divertidas, contudo, elas continham indisfarçáveis traços do DNA de um humor à moda antiga — calcado na exploração de preconceitos. Movida pelo sucesso de Dona Hermínia, a comédia nacional se dobrou à necessidade de ajustar o tom das piadas, conscientizando-se de que rir de si e com a plateia é melhor do que rir de alvos já fragilizados pela sociedade.

    O Dia do Humor do Rio

    Em outubro do ano passado, o congresso do Rio de Janeiro sancionou a Lei nº 9440, que institui o dia 30 de outubro como o dia estadual do humor. A data foi escolhida em homenagem a Paulo Gustavo, que fazia aniversário nesse dia, e partiu de uma ideia do canal Multishow, com apoio da família do artista. O artigo 4º diz que, nesse dia, “fica banido o mau humor” e o documento cita a frase “Rir é um ato de resistência”, proferida pelo humorista em uma de suas últimas aparições na televisão antes de ser vítima da Covid-19.

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