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Treze destaques do Festival de Cannes 2018 para ficar de olho

Cineastas veteranos e estreantes passarão pelas telas do tradicional evento francês. Confira os destaques e previsões de estreia no mundo

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2018, 11h02 - Publicado em 8 Maio 2018, 10h25

Os novos projetos de grandes diretores como Lars Von Trier, Spike Lee e Asghar Farhadi são alguns dos principais atrativos do Festival de Cannes 2018. O evento francês, feito de produções que vão do status cult ao pop, também servirá de pista para a largada da nova adaptação do clássico Fahrenheit 451, que chega logo mais ao canal pago HBO, e do novo derivado da saga Star Wars, o esperado filme de origem do personagem Han Solo.

Confira abaixo 13 destaques que passarão pelas telas do festival e a previsão de estreia fora do evento:

 

Todos Lo Saben, de Asghar Farhadi

O cineasta iraniano Asghar Farhadi surpreendeu ao ambientar seu novo filme entre Argentina e Espanha, com atores latinos bem conhecidos do Brasil, caso de Penélope Cruz, Javier Bardem e Ricardo Darín. A história, contudo, é um velho terreno fértil para o diretor, que espia com lupa relações familiares e sociais. Carolina, personagem de Penélope, retorna à Espanha após um período vivendo em Buenos Aires. No retorno, reencontra família, amigos e um amor do passado. Até que um evento dramático muda a dinâmica do grupo. Esta é a terceira vez que o diretor concorre à Palma de Ouro, após O Passado (2013) e O Apartamento (2016) – vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2017. Todos Lo Saben está previsto para chegar à Espanha e Argentina em setembro.


Blackkklansman, de Spike Lee

Com um olhar apurado para tramas policiais e já consagrado por sua luta contra o racismo, Spike Lee une as duas habilidades para narrar a história real de Ron Stallworth (interpretado por John David Washington). O policial negro, no Colorado, conseguiu se infiltrar no movimento racista Ku Klux Klan e chegou a ser eleito líder do grupo local. Adam Driver, Topher Grace e Laura Harrier completam o elenco do filme que está previsto para estrear em outubro no Brasil. Lee saiu premiado do Festival de Cannes em 1986, com um troféu de revelação pelo filme Ela Quer Tudo. Em 1989 e 1991, concorreu à Palma de Ouro com Faça a Coisa Certa e Febre da Selva, respectivamente. Agora, volta à competição principal.

John David Washington and Adam Driver in BlacKkKlansman
Adam Driver e John David Washington no filme ‘BlacKkKlansman’ (//Divulgação)
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Under the Silver Lake, de David Robert Mitchell

Após o sucesso do terror Corrente do Mal, exibido em Cannes em 2014, David Robert Mitchell lança o terceiro filme de sua carreira, agora em competição pela Palma de Ouro. O horror sai de cena e dá lugar a uma comédia estrelada por Andrew Garfield, que interpreta Sam, um rapaz obcecado com o sumiço de uma bela vizinha por quem se apaixona. Ele passa a enxergar pistas por todos os lados e se envolve por inteiro na caçada pela moça. Nos Estados Unidos, o longa está previsto para estrear em junho. Ainda sem data para o Brasil.


Han Solo: Uma História Star Wars, de Ron Howard

Parte da franquia Star Wars, o longa volta no passado para contar a história do personagem Han Solo, eternizado na pele de Harrison Ford na série original. Agora, Alden Ehrenreich assume o papel de Solo na juventude, quando o piloto da Millennium Falcon conhece o amigo Chewbacca e o controverso Lando Calrissian (Donald Glover), bem antes de aderir à Rebelião. Após dramas nos bastidores, que culminam na demissão dos diretores Christopher Miller e Phil Lord, o veterano Ron Howard assumiu a produção, que terá sua primeira exibição em Cannes, fora de competição. Nos cinemas brasileiros, o longa estreia logo mais, em 24 de maio.

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Fahrenheit 451, de Ramin Bahrani

A boa fase de Michael B. Jordan vai ganhar novos pontos no Festival de Cannes. Após protagonizar Creed: Nascido para Lutar (2015) e roubar a cena em Pantera Negra (2018), o ator lidera a nova adaptação do clássico da literatura Fahrenheit 451, de 1953, produzida pela HBO. Na distopia, livros são proibidos e queimados por agentes do governo autoritário. O filme, que será exibido fora de competição, conta também com Sophia Boutella e Michael Shannon no elenco. O longa chega em 19 de maio à HBO.


O Grande Circo Místico, de Carlos Diegues

Rodado em 2015, o filme do brasileiro Carlos Diegues está emperrado sem data de estreia desde então. Agora, ele chega ao Festival de Cannes e, em setembro, aos cinemas nacionais. Com um elenco robusto, composto por nomes como Jesuíta Barbosa, Bruna Linzmeyer, Antônio Fagundes, Juliano Cazarré e o francês Vincent Cassel, a produção acompanha a história de cinco gerações de uma família circense, de 1910 até os dias atuais. Segundo a Globo Filmes, distribuidora da produção, o longa “em que realidade e fantasia se encontram em um universo místico” tem um final “surpreendente”.

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O Grande Circo Místico
Beatriz (Bruna Linzmeyer) no filme ‘O Grande Circo Místico’, de Cacá Diegues (Globo Filmes/Reprodução)

Pope Francis – A Man of His Word, de Wim Wenders

Em um passado distante, o cineasta alemão Wim Wenders (de filmes como Asas do Desejo e Paris, Texas) pensou em ser padre. A vocação não foi forte o suficiente para levá-lo ao sacerdócio, mas provavelmente ajudou no processo de conseguir ter interesse pelo e acesso ao dia a dia do papa Francisco. O resultado das filmagens será visto no documentário que estreia no festival. A sinopse afirma que o longa não será uma biografia, mas sim um registro da jornada pessoal e dos pensamentos do pontífice. O último documentário assinado por Wenders foi O Sal da Terra (2014), sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado.


The House that Jack Built, de Lars von Trier

Durante sete anos, o controverso cineasta dinamarquês ficou banido do Festival de Cannes, após proferir uma piada de humor negro — ele disse que “entendia” Hitler — entendida como “nazista”. Ele retorna fora de competição com seu novo filme, The House that Jack Built, com Matt Dillon e Uma Thurman. Anticristo (2009), longa de Von Trier considerado pesado, deve perder o posto de chocante para o novo trabalho, que vai narrar a história de um serial killer. Jornalistas que já viram o filme afirmam que é extremamente violento, enquanto o diretor diz se tratar de uma celebração “da vida repleta de maldades e sem alma”.

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The Man who Killed Don Quixote, Terry Gilliam

Há quase vinte anos, Terry Gilliam tenta lançar o filme inspirado no clássico livro do personagem Dom Quixote. Os muitos contratempos no caminho fizeram o longa ganhar o apelido de “maldito”. Ele começou a ser rodado em 2000, antes de enfrentar um conflito de bastidores com o produtor português Paulo Branco, rixa que chegou à Justiça. Na época, as filmagens foram interrompidas por infortúnios como inundações no set de gravação e uma hérnia de disco sofrida pelo já falecido ator francês Jean Rochefort. Por fim, a falta de financiamento atrasou ainda mais a estreia que acontece, finalmente, no encerramento do Festival de Cannes, logo após a apresentação dos filmes vencedores, no dia 19 de maio.

 


Whitney, de Kevin Macdonald

Após acompanhar a história de Bob Marley no documentário Marley (2012), o cineasta Kevin Macdonald dá verniz à vida de Whitney Houston. O filme se propõe a investigar a vida pessoal e pública da cantora, com um compilado de imagens que contém cenas e canções inéditas. “Eu observei a vida de Whitney como uma história de mistério”, conta o diretor. “Por que alguém com um talento tão grande e tão bonita se autodestruiu publicamente de forma tão dolorosa?” O longa será exibido fora de competição do festival e está previsto para estrear nos Estados Unidos e parte da Europa no começo de julho.

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Tree Faces, de Jafar Panahi

O aclamado diretor iraniano volta ao Festival de Cannes, agora, pela primeira vez, na disputa pela Palma de Ouro. O cineasta levou em 1995 a Câmera de Ouro pelo seu filme de estreia, O Balão Branco, e conquistou o prêmio do júri na mostra paralela Um Certo Olhar, com Ouro Carmim (2003). Em 2010, Panahi foi preso, junto com a esposa, a filha de 15 anos, e amigos, acusados de propaganda contra o governo do Irã. Ele foi sentenciado a seis anos de prisão e por 20 anos proibido de sair do país e trabalhar com cinema e qualquer outro tipo de mídia. Desde então, ele lançou três produções feitas de forma clandestina: Isto Não É um Filme (2011), um diário sobre seu processo de julgamento; Cortinas Fechadas (2013), filmado dentro de uma casa; e Taxi Teerã (2015), vencedor do Urso de Ouro, no Festival de Berlim, em que Panahi dirige um táxi e interage com seus passageiros. Até o momento, não há informações sobre Tree Faces.

Jafar Panahi conduz pessoas pelas ruas de Teerã em seu novo filme, 'Táxi'
Jafar Panahi no filme ‘Táxi Teerã’: maneiras alternativas de fazer cinema (VEJA.com/Divulgação)

Le Livre D’Image, de Jean-Luc Godard

Aos 87 anos, o cineasta franco-suíço, um dos pais da Nouvelle Vague, continua produzindo. Seu último filme, Adeus à Linguagem (2014), perdeu a Palma de Ouro, mas levou o prêmio do júri. Agora, ele concorre novamente ao principal prêmio do Festival de Cannes com Le Livre D’Image (O Livro Ilustrado, em tradução literal). A descrição do longa diz: “Nada além do silêncio. Nada além de uma música revolucionária. Uma história em cinco capítulos como os cinco dedos da mão”.

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Jean-Luc Godard apresenta ‘Le livre d’image’ no Festival de Cannes (//Divulgação)

Girls of the Sun, de Eva Husson

Assinado pela cineasta francesa Eva Husson, uma das três mulheres na competição pela Palma de Ouro, o filme traz a atriz iraniana Golshifteh Farahani (de Paterson) na pele da comandante de um batalhão feminino de etnia curda que luta contra um grupo de extremistas. A trama é inspirada na história real de mulheres curdas que conseguiram escapar após serem sequestradas por membros do Estados Islâmico, e lutaram contra os terroristas. A francesa Emmanuelle Bercot (de Meu Rei) completa o elenco como uma jornalista que acompanha as combatentes.

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Cena do filme ‘Girls Of The Sun’, de Eva Husson (//Divulgação)
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