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4 livros essenciais para entender a Rússia atual

Um romance, uma coletânea de contos e dois títulos de não ficção formam um sublime retrato contemporâneo do país

Por Gabriela Caputo Atualizado em 21 dez 2022, 17h37 - Publicado em 4 ago 2022, 14h31

Desde que a Rússia invadiu militarmente a vizinha Ucrânia, em fevereiro deste ano, o mundo voltou seus olhares para o Leste Europeu e sua complicada malha de conflitos históricos. É natural, portanto, que haja uma curiosidade crescente sobre o poderio russo, que tanto desafia o mundo ocidental ao longo do tempo. Para além dos formidáveis clássicos da literatura russa, títulos contemporâneos também oferecem um apanhado de ideias esclarecedoras sobre a alma da Rússia. VEJA listou quatro deles:

Um país terrível: Um romance sobre a Rússia

Um país terrível, de Keith Gessen (tradução de Bernardo Ajzenberg e Maria Cecilia Brandi; Todavia; 416 páginas; 94,90 reais e 59,90 reais em e-book) -
Um país terrível, de Keith Gessen (./.)

Lançado recentemente no Brasil pela Todavia, o romance do expatriado Keith Gessen faz um retrato da Rússia com humor saboroso, críticas astutas e um toque de ternura. O livro se passa em 2008 e acompanha Andrei Kaplan, um russo que mora em Nova York desde a infância mas retorna ao país de origem para cuidar da avó adoecida. Apesar de estar em casa e de sua especialização acadêmica ser em história e literatura russa, o protagonista sente-se deslocado num país que acaba sendo mais moderno e intimidante do que esperava. No apartamento da avó em Moscou, presente de Josef Stalin, Andrei vai descobrir histórias de sua família e o motivo pelo qual a idosa qualifica seu país como “terrível”.

Meninas

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LIVRO - MENINAS, de Liudmila Ulítskaia (tradução de Irineu Franco Perpetuo; Editora 34, 168 páginas; 49 reais) -
MENINAS, de Liudmila Ulítskaia (//Divulgação)

Primeiro livro da autora russa Liudmila Ulítskaia publicado no Brasil (Editora 34), trata-se de uma coletânea de seis contos que descrevem, pelo olhar de meninas de 9 a 11 anos de idade, o pós-guerra na Moscou stalinista de 1953. Com sensibilidade, Liudmila tece narrativas a partir da periferia da história — ou seja, o olhar feminino —, como a de um pai que volta traumatizado do front e a da desigualdade social que não condiz com a propaganda comunista. Premiada, a autora transmite tais impressões com a precisão de quem, de fato, foi uma menina da União Soviética e carrega memórias valorosas daquele período histórico.

A fome vermelha: A guerra de Stalin na Ucrânia

A fome vermelha, de Anne Applebaum
A fome vermelha, de Anne Applebaum (//Divulgação)
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Jornalista e historiadora, a americana Anne Applebaum coleciona títulos sobre o comunismo e episódios marcantes do Leste Europeu. Em A Fome Vermelha (Editora Record), a autora examina o Holodomor, período de fome letal resultante de uma política de coletivização da agricultura criada por Josef Stalin na década de 1930. Quase 4 milhões de ucranianos perderam suas vidas no que, segundo os estudos de Applebaum, foi um extermínio premeditado: Stalin queria eliminar, pela fome, os sentimentos antissoviéticos. Com relatos cortantes, a autora documenta, para além do terrível evento, fases anteriores e posteriores da história ucraniana — fornecendo interessante perspectiva para quem busca entender melhor as raízes dos conflitos entre Rússia e Ucrânia nos últimos anos.

Ordem de Bloqueio: Uma história real sobre corrupção e assassinato na Rússia de Putin

Ordem de Bloqueio, de Bill Browder
Ordem de Bloqueio, de Bill Browder (//Divulgação)
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Em ritmo de thriller, o financista Bill Browder oferece um relato afiado de sua batalha contra Vladimir Putin e a corrupção russa. Na década de 2000, Browder estabeleceu na Rússia sua empresa de investimentos e descobriu um enraizado sistema de fraudes entre o governo e os antigos oligarcas do país. As denúncias não bastaram: Browder e seu advogado, Sergei Magnitsky, foram acusados como responsáveis do esquema. Em 2009, Magnitsky foi espancado até a morte em um presídio de Moscou. A partir de então, Browder tomou como missão identificar e punir os mandantes do crime, desenvolvendo uma campanha mundial para aprovar a Lei Magnitsky, que bloquearia os bens dos envolvidos em crimes contra os direitos humanos — despertando a ira de Putin.

 

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