A história em quadrinhos que inspirou o ‘Superman’ de James Gunn
Obra de Grant Morrison e Frank Quitely recria com traços mais modernos herói concebido por Joe Shuster e Jerry Siegel, nos anos 1920

Em 2005, a DC Comics teve uma ideia. Lançou uma série, batizada All Star, que permitia aos criadores contar histórias de grandes personagens da editora sem as amarras da cronologia básica do Universo ao qual estavam ligados. A intenção era criar narrativas “atemporais”, que não fossem reelaborações de origem, de modo que pudessem atrair tanto leitores que haviam abandonado os quadrinhos quanto novos fãs. Grandes Astros: Superman (All-Star Superman, no título em inglês), de Grant Morrison e Frank Quitely, foi o segundo título do selo.
Na história, Superman é super-exposto à radiação solar, o que paradoxalmente o está matando. Com apenas um ano de vida pela frente, ele se propõe a realizar “Os Doze Trabalhos do Superman” — uma série de feitos heroicos e atos de boa vontade para deixar o mundo melhor antes de sua partida iminente. Essa premissa, decalcada do mito grego de Hércules, explora a mortalidade do personagem e seu legado. Parte do conceito criado pela dupla de artistas escoceses para o quadrinho foi adotada por James Gunn no novo filme Superman, em cartaz nos cinemas.

Na prosa de Morrison e no traço de Quitely, o herói criado nos anos 1920 por Joe Shuster e Jerry Siegel ganha novos contornos, demasiadamente mais humanos e repletos de vulnerabilidades. O roteirista, na verdade, aproveitou ideias desenvolvidas em 1998, para Superman Now! (ou Superman 2000), um projeto não realizado concebido em conjunto com Mark Millar, Tom Peyer e Mark Waid para tentar reintroduzir o Homem de Aço aos leitores em uma versão mais contemporânea. A ideia era condensar 70 anos de história, visões e conceitos de publicação em uma história que os recontextualizasse de forma perene.
James Gunn citou Grandes Astros Superman como a principal inspiração do seu Superman, mesmo que a história não seja uma adaptação direta. Gunn afirmou que o filme foca em um personagem que é “impressionante e fantástico, mas também incrivelmente realista, com problemas humanos”. Ele enfatizou o interesse no “homem dentro do super” e a bondade inerente ao herói. O filme também se inspira em Superman: As Quatro Estações (1998), de Jeph Loeb e Tim Sale, e em Lex Luthor: Homem de Aço (2005), de Brian Azzarello e Lee Bermejo.
Grandes Astros Superman foi elogiado por redimensionar o personagem, ao mesmo tempo em que evoca o herói clássico. A obra ganhou o Eisner Award de melhor nova série, em 2006, e melhor série continuada, em 2007 e 2009. Também recebeu o Harvey Award de melhor artista e melhor edição única, em 2008. A edição mais recente no Brasil é de 2018, quando foi publicada pela Panini em um único volume — atualmente, fora de catálogo.