Em 13 de outubro de 2021, o ator William Shatner, então com 90 anos, se tornou a pessoa mais velha a viajar ao espaço após embarcar em um foguete da Blue Origin. Imortalizado pelo seu papel como Capitão Kirk na série Star Trek, Shatner no entanto não ficou feliz com o passeio.
Em seu recém-lançado livro Boldly Go: Reflections on a Life of Awe and Wonder, ele contou os detalhes da viagem, da apreensão pré-lançamento, do plano de contingência caso o foguete explodisse e da experiência de ausência de gravidade. E, ao chegar lá em cima, ele disse que “tudo o que esperava ver estava errado”.
“Foi um dos sentimentos mais fortes de luto que já vivenciei”, escreveu. “O contraste entre a cruel frieza do espaço e o calor da Terra abaixo me encheu de uma tristeza avassaladora. Todos os dias somos confrontados com o conhecimento da destruição da Terra em nossas mãos: a extinção de espécies animais, da flora e da fauna… coisas que levaram 5 bilhões de anos para evoluir e, de repente, nunca mais as veremos por causa da interferência da humanidade. Isso me encheu de pavor”, completou.
O ator acreditava que a viagem o iria proporcionar uma “catarse definitiva daquela conexão que eu estava procurando entre todas as coisas vivas” e a missão que deveria “ser uma celebração se tornou um funeral”. O sentimento do ator é o mesmo que astronautas como Yuri Gagarin, Michael Collins e Sally Ride já expressaram em outras ocasiões, batizado de “Efeito Visão Geral”, em que eles mudam sua percepção do mundo e passam a sentir uma conexão humana maior. “Reforçou dez vezes minha própria visão sobre o poder de nosso belo e misterioso emaranhado humano coletivo e, eventualmente, retornou um sentimento de esperança ao meu coração”.