O clima não poderia ser pior. Em meio à pandemia, o Globo de Ouro apresentou sua 78ª edição mergulhado em acusações, enquanto tentava manter de pé uma cerimônia com participação virtual dos indicados – filtrados em um ano de cinemas fechados, filmagens interrompidas e estreias adiadas. O resultado, apesar dos esforços das apresentadoras, Tina Fey e Amy Poehler, foi mediano. Sem grandes surpresas nem a ajuda do brilho de celebridades na plateia – que foi preenchida por poucos trabalhadores essenciais – o prêmio ainda se mostrou menos preparado para a versão on-line que o colega Emmy. No ano passado, a premiação que elege o melhor da TV mandou bem no humor ácido e político, enquanto a equipe de apoio, vestida dos pés à cabeça com uma roupa de proteção, entregava na casa de cada indicado sua estatueta. Mesmo luxo não aconteceu com os vencedores do Globo de Ouro, que discursaram sem o prêmio na mão – Daniel Kaluuya ainda teve o discurso interrompido por falhas técnicas.
O elefante na sala, porém, era a acusação que paira sobre a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, da sigla em inglês), responsável pelo prêmio. Uma reportagem do Los Angeles Times acusou a HFPA de aceitar presentes e até pagamentos em troca de indicações. A Associação nega as acusações. Não bastasse o escândalo, às vésperas do evento, atores e diretores se uniram em um protesto nas redes sociais contra a falta de negros entre os 87 membros dos votantes do Globo de Ouro.
As apresentadoras, Tina Fey e Amy Poehler, não deixaram as polêmicas de fora do discurso de abertura. Ao explicar o que era a HFPA, Tina Fey afirmou se tratar de “cerca de 90 jornalistas internacionais – nenhum deles negro – que participam de exibições de filmes anualmente em busca de uma vida melhor”. Alguns blocos depois, representantes da HFPA subiram ao palco para admitir que precisam melhorar e que vão trabalhar por maior representatividade.
Já os prêmios foram distribuídos de forma pulverizada. The Crown foi o que levou mais estatuetas entre as categorias de TV, com quatro vitórias, entre elas melhor série de drama. Josh O’Connor e Emma Corrin deixaram veteranos para trás e levaram os prêmios de melhor ator e atriz em série de drama, respectivamente, por interpretarem príncipe Charles e princesa Diana no programa da Netflix. Em um ano fraco para a comédia na TV, Schitt’s Creek levou, como esperado, o prêmio de melhor série cômica.
Nas categorias de cinema, poucas surpresas. Entre elas, a vitória de Andra Day por Estados Unidos vs. Billie Holiday na categoria de melhor atriz em drama. Em um momento emocionante, Chadwick Boseman levou um troféu póstumo por A Voz Suprema do Blues, que foi recebido pela viúva Taylor Simone Ledward. Borat: Fita de Cinema Seguinte conquistou a estatueta de melhor filme cômico e Sacha Baron Cohen o de melhor ator do gênero. Seguindo como favorito ao Oscar após vencer o Festival de Veneza, Nomadland ganhou o prêmio de melhor filme dramático e melhor direção, para Chloé Zhao. Confira aqui a lista completa de vencedores.