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Antes de Mônica, Maurício de Souza foi chamado de misógino por editor

Na CCXP, o pai do bairro do limoeiro relembra como nasceram suas personagens femininas

Por Maria Clara Vieira Atualizado em 7 dez 2019, 13h48 - Publicado em 7 dez 2019, 13h47
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  • Quando começou a trabalhar com histórias em quadrinhos, o paulista Mauricio de Souza deu vida ao cãozinho Bidu, ao dinossauro Horácio, ao homem das cavernas Piteco e, logo, à dupla “infalível” (com o perdão do trocadilho) Cebolinha e Cascão. O produtor e desenhista revelou neste sábado, durante a CCXP, que a criação da protagonista que acabou por liderar a turma toda surgiu de uma cobrança por conta da ausência de personagens femininas na trupe.

    “Um dia, o editor me perguntou se eu era misógino, porque não desenhava mulheres. Fui procurar no dicionário para saber do que se tratava”, contou Maurício, que afirmou que tinha receio de não saber “o que as meninas pensavam”. “Até que cheguei em casa me deparei com uma briga da filha Mariangela com a Mônica, que estava muito brava e arrastando um coelho pela casa, enquanto a Magali comia uma melancia”, relatou.

    Durante o painel, Maurício lembrou também que, quando começou a vender suas tirinhas pelo Brasil, ainda nos anos 1980, adaptava o discurso de acordo com a linha ideológica do jornal. “A gente sabia que tinha jornais mais ‘direitistas’ ou ‘esquerdistas’. Eu pesquisava antes para saber e, se era de direita, eu dizia que meus quadrinhos eram tão bons quanto os americanos. Se era de esquerda, dizia que valorizavam a cultura nacional”, lembrou.

    O pai da Turma da Monica contou também dos seus tempos de repórter policial do jornal Folha de S. Paulo, quando se disfarçava de detetive e evitava chegar perto de cadáveres em coberturas. “Quando aceitei o emprego, esqueci que desmaio só de ver sangue”, revelou. A produção de retratos falados nesta época foi o que lhe abriu caminho como quadrinista, mudança que resultaria na criação da Bidulândia Serviços de Imprensa.

    Nesta época, o produtor, natural de Mogi das Cruzes, distribuía suas criações nos jornais das cidades vizinhas, em uma ‘perua’. “Se eu andasse mais de 100 quilômetros, não tinha dinheiro para voltar”, recordou. Ao final de quatro anos, a Turma da Monica estaria em 400 jornais do país.

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    Em tempos de “Monicaverso”, Maurício de Souza continua a sonhar alto. Além de anunciar um novo live-action com a turminha, o desenhista revelou que pretende investir em novas produções mudas, graças ao sucesso da Turma da Monica Toy: recentemente, um levantamento do YouTube mostrou que o país que mais assiste aos vídeos da franquia é a Rússia.

    Sucessos antigos, como “A Princesa e o Robô”, serão remasterizados. “No começo, era muito difícil deliberar os desenhos e até mesmo os roteiros”, confessou Maurício, que mantém, no estúdio, uma equipe de “dinossauros” – quadrinistas com mais de 30 anos de casa de preferem desenhar tudo à mão. O próprio criador, aliás, é quem põe a mão na massa para desenhar o dinossaurinho Horácio. “Toda a minha filosofia de vida está nas historinhas dele. No Horácio ninguém mexe”, avisou

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