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Após coronavírus, busca por sites pornôs e camgirls cresce no Brasil

A audiência do PornHub no Brasil aumentou e profissionais do sexo virtual estão ganhando mais com a chegada de clientes privados das baladas pela quarentena

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 mar 2020, 16h57 - Publicado em 20 mar 2020, 10h47
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  • Há três anos no mercado das camgirls, Clara, 22 anos, de Campinas (SP), já realizou virtualmente inúmeras fantasias de seus clientes. Mas nenhuma delas foi igual a dois pedidos inusitados que ela ouviu nos últimos dias: o fetiche pedido pelos homens era vê-la lavando as mãos e passando álcool em gel. “Fiquei surpresa porque nada disso tinha acontecido comigo antes.”

    “Um cliente novato já começou a transmissão do vídeo dizendo assim: ‘Antes de qualquer coisa, vamos passar álcool em gel nas mãos'”, lembrou Clara. “O segundo cliente, também novato na plataforma, me disse que seu fetiche era sentir o toque das mãos sendo lavadas. Então, levei a câmera para o banheiro e lavei minhas mãos enquanto ele lavava as dele do outro lado”.

    Clara é contratada da plataforma brasileira Câmera Hot e notou um aumento em seus clientes na última semana.  Ela diz que ganha, em média, de 200 reais a 250 reais por dia. Nesta semana, com a quarentena, o faturamento subiu para 500 reais. “O número de acessos dobrou.”

    A modelo contou também que um fetiche que andava praticamente esquecido voltou à tona: a fantasia de enfermeira. “Aumentou muito a procura por pessoas pedindo para eu me fantasiar de enfermeira, colocar jaleco, prender o cabelo e usar máscaras cirúrgicas.”

    A quarentena para evitar o contágio pelo coronavírus já é uma realidade em diversos países, inclusive no Brasil – onde a medida começou a ser adotada no início desta semana, causando efeitos devastadores na economia. Uma área menos óbvia, no entanto, está experimentando um boom em seus negócios: a indústria de filmes pornográficos e dos shows privês das camgirls, as garotas que fazem stripteases virtuais.

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    Os serviços de sexo virtual estão recebendo um novo público durante a quarentena, formado por jovens que, antes, tinham como alternativa para se divertir bares, boates e baladas. Agora, obrigados a ficar dentro de casa, eles aparentemente encontraram nas camgirls uma alternativa para dar vazão aos hormônios.

    O site adulto PornHub divulgou recentemente que teve um aumento médio de audiência de 5,7% desde o início do surto. Na Itália, onde a situação é mais grave, o aumento foi de 57% no dia 18 de março. No Brasil, com o início da quarentena, esse número saltou 13,1% na última terça, 17.

    Gráfico mostra aumento na audiência do site PornHub no Brasil
    Gráfico mostra aumento na audiência do site PornHub no Brasi (Reprodução/Divulgação)
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    A doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP Priscila Magossi, criadora do projeto New Camming Perspective (voltado para ajudar as mulheres na profissão), acha que ainda é muito cedo para dizer se houve um aumento na procura pelos trabalhos das modelos. Mas ela acredita que haverá, sim, uma procura maior, graças à adesão de um público masculino mais jovem.

    O motivo é que o público médio é formado por homens casados e, numa quarentena, essas pessoas estão em casa com suas mulheres. “Todo mundo vai estar em família, então, eles também não terão como acessar os sites, já que a maioria é casado”, analisou.

    A limitação dos marmanjos casados talvez explique um dado curioso. A produtora de filmes adultos Brasileirinhas notou um avanço desde terça-feira: de acordo com Clayton Nunes, CEO da produtora, houve um aumento de 70% no número de assinaturas em comparação com a semana anterior. Mas esse crescimento não trouxe, ao menos num primeiro momento, aumento na audiência.

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    A pesquisadora Priscila acredita que as camgirls brasileiras vão ganhar mais dinheiro porque a maioria delas trabalha para plataformas estrangeiras que pagam em dólar – atualmente cotado acima de 5 reais. Como a quarentena é global, o aumento de clientes também é mundial. “Em termos operacionais, este é um momento bastante estratégico para este mercado investir em marketing e estimular novos clientes a conhecer a indústria, especialmente se a oferta não estiver focada apenas no sexo online, mas na conexão e interatividade entre modelo/usuário”.

    O site brasileiro Camera Hot, que conta com cerca de 800 camgirls, revelou que no período de 1 a 19 de março teve um aumento de quase 300 mil visitantes se comparado com o mesmo período do mês passado. O cadastro de novos usuários também aumentou, com cerca de 1.000 por dia, um crescimento de quase 30% se comparado com o mês anterior. As receitas das modelos cadastradas na plataforma também aumentou em 25% e eles esperam bater o recorde de vendas para o mês de março. Deste valor, 60% vem de de usuários recorrentes que estão ficando mais tempo online e gastando mais créditos.

    Ainda de acordo com o site, também houve um aumento no número de camgirls cadastradas, com cerca de 20 mulheres por dia, um crescimento de 50% se comparado com o mesmo período do ano passado. Além disso, aumentou também o número de modelos online. Antes, elas ficavam offline porque tinham que trabalhar em outros empregos, ir para a faculdade e malhar na academia, todas as atividades suspensas pela quarentena.

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    Camgirl Juliana Villegas ganhou R$ 1.500 a mais após quarentena
    Juliana Villegas ganhou 1 500 reais a mais após quarentena (Acervo pessoal/Divulgação)

    A camgirl Juliana Villegas percebeu um aumento na demanda, especialmente de jovens universitários. Para ela, o motivo é a falta de entretenimento causada pela quarentena. Na semana passada, ela ganhou 2 000 reais e nesta, após a quarentena, já ganhou 3 500 reais. “Está valendo a pena. É uma grande oportunidade para nós, camgirls, ganharmos mais visibilidade”.

    A modelo Domme Crystal notou um aumento em seus clientes já na segunda, 16, mas ainda não calculou quanto isso significou de lucro. “Ainda não tive uma ideia certa do quanto aumentou o faturamento, mas está valendo sim em época de pandemia e desemprego. Querendo ou não, meu trabalho não me permite ter contato físico, então sinto que sou sortuda por continuar nele sem me expor ao vírus”.

    A brasileira Katherine, que vive na Itália, contou que não percebeu um aumento de brasileiros entre seus clientes e, sim, de gringos, especialmente de jovens italianos. “Pelo menos 90% dos clientes conversam comigo sobre o coronavírus, principalmente porque moro na Itália e querem saber como estou”.

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