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As razões por trás da morna audiência de ‘Travessia’ na Globo

Novela das 9 de Glória Perez é prejudicada por horário político e saudades de 'Pantanal' - mas trama confusa também não ajuda a empolgar o público

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 out 2022, 15h09
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  • Atual novela das 9 da Globo, Travessia está com um péssimo desempenho em audiência no horário nobre da emissora. Com duas semanas no ar (estreou em 10 de outubro), Travessia exibe magros 23,1 pontos de média de audiência na Grande São Paulo — uma média de ibope típica de novela das 7. No mesmo período de seus primeiros 15 dias, Pantanal marcou 27 pontos. Muitos fatores são responsáveis pelo começo fraco da trama de Glória Perez, como a exibição mais tardia na programação devido ao horário político obrigatório das eleições de 2022 e a ressaca de Pantanal, maior sucesso da faixa das 9 nos últimos anos. Entretanto, além disso, pesa o fato evidente de que Travessia começou um tanto perdida, sem deixar claro qual é o enredo a ser contado e se apoiando em casais sem sal.

    Uma das principais armas da Globo para bombar Travessia, Jade Picon foi escalada para o papel da vilã Chiara, filha mimada de Guerra (Humberto Martins) na história. Em sua estreia como atriz, a influenciadora digital paulistana é criticada diariamente nas redes sociais por apresentar um sotaque carioca forçado e atuação fraca. Mas outro problema não advém da inexperiência da novata, e sim do texto de Glória Perez em si: sua personagem é cheia de traços confusos, como o fato de dirigir e ter um carro de luxo, mas ainda ostentar uma vida de estudante colegial, sendo que a trama teve uma passagem de tempo de vinte anos após seu nascimento.

    Nessas duas semanas, a protagonista Brisa (Lucy Alves) também ficou apagada. Enquanto ela aparecia só lateralmente em cena, a trama deu vazão ao romance de seu noivo, Ari (Chay Suede), com Chiara – um casal que não tem empolgado em nada o público nas redes sociais. No Maranhão, Brisa é uma dançarina e lavadeira que sempre fez de tudo para bancar os estudos em arquitetura de Ari, seu namorado de infância que se converteria em noivo. Os dois tiveram até um filho juntos, mas o “mocinho” não perdeu tempo: ao chegar no Rio de Janeiro, traiu a noiva com uma patricinha quase dez anos mais nova.

    Enquanto a mocinha de Lucy Alves foi vítima de uma deepfake (montagem com imagem falsa) e presa injustamente por porte de arma, com justificativas sem sentido até mesmo para uma ficção, o galã torto vivido por Chay Suede embarca em uma vida de luxo proporcionada por Chiara e Guerra, empresário que era seu inimigo no começo da novela, por querer derrubar construções históricas e construir shoppings. Os valores ambíguos de Ari o tornaram o personagem mais detestável da novela, na contramão do que se espera de um mocinho.

    Com tantos lances sem sentido e casais sem química, tem sido difícil torcer por qualquer personagem em Travessia. Resta ao espectador noveleiro rezar para que Glória Perez tire da manga alguma virada inacreditável bem ao seu estilo – pois, por enquanto, só é possível admirar a bela fotografia de paisagens e morrer de vergonha por Chiara e companhia.

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