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Ativistas que atacam obras de arte em protestos fazem nova vítima célebre

Quadro de Vermeer entra na lista de pinturas usadas por ativistas para chamar a atenção para as mudanças climáticas

Por Amanda Capuano 27 out 2022, 15h23

Exposto no museu holandês Mauritshuis, o quadro Moça com Brinco de Pérola é uma das obras mais célebres do pintor barroco Johannes Vermeer. A fama fez da pintura a nova “vítima” da onda de manifestações curiosas que assola a Europa nos últimos meses, com ativistas atacando ou se grudando em obras de arte para protestar contra mudanças climáticas. Nessa quarta-feira, 27, um homem colou a própria cabeça na obra de Vermeer. “Como você se sente quando vê algo bonito e inestimável sendo aparentemente destruído diante de seus olhos? Indignado? Onde está esse sentimento quando o planeta está sendo destruído?”, questionou um dos ativistas.

Em um comunicado enviado à imprensa, o museu disse que a obra, que é protegida por um vidro, foi examinada pelos restauradores que não encontraram danos na pintura. “A arte é indefesa e o museu rejeita veementemente a tentativa de danificá-la para qualquer finalidade”, disse a instituição. Recebidos por gritos de “que vergonha!”, “obsceno” e “estúpido” dos visitantes da galeria, o homem que colou a cabeça na pintura respondeu às críticas dizendo que a obra está “protegida por vidro e está bem”, ao contrário “do futuro dos nossos filhos”. A polícia de Haia disse que três pessoas foram presas por “violência pública contra bens”.

A ação na Holanda veio dias depois que dois manifestantes atiraram purê de batata no quadro Grainstacks, de Claude Monet, exposto no Museu Barberini, em Potsdam, na Alemanha. Antes disso, outra dupla já havia atirado sopa de tomate no quadro Girassóis, de Van Gogh, em Londres. Pautados pelo meio ambiente e o uso exacerbado de combustíveis fósseis, os ativistas chocam pela ousadia, mas fazem protestos “limpinhos”, e chegam até a consultar especialistas para saber como causar barulho sem danificar as obras. Em julho, os jovens Simone Ficicchia e Laura Zorzini colaram as mãos em uma das pinturas mais célebres da história, a Primavera, do pintor renascentista Sandro Botticelli (1445-1510). Antes de serem arrastados para longe da pintura, os dois bradaram um alerta sobre os impactos das mudanças climáticas na Itália e no mundo.

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Ativistas durante protesto em museu holandês (Reprodução/Twitter)

Os grupos por trás das ações alegam que a ideia não é vandalizar as pinturas, mas usá-­las para atrair os olhares da opinião pública. A dupla italiana, parte do coletivo Ultima Generazione (Última Geração), colou as mãos no vidro que protege a Primavera, não no quadro em si, e usou uma cola inofensiva. “Queremos sensibilizar o mundo da arte para o fato de que há uma crise climática e social em curso e que, se não agirmos rapidamente, será irreversível”, disseram em comunicado a VEJA. A tática foi a mesma usada em ações contra Pessegueiros em Flor, de Van Gogh, escolhida porque a região retratada na tela, a Provença, na França, deve sofrer uma seca severa e uma réplica de A Última Ceia de Da Vinci, escolhida para protestar contra novas licenças de exploração de petróleo e gás na Inglaterra.

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