Atriz de ‘The Crown’ brilha em Veneza com filmes sobre luto e maternidade
Vanessa Kirby, conhecida como a princesa Margaret da série da Netflix, alça novos voos no cinema e lança dois dramas no festival italiano
Após roubar a cena na série The Crown, na pele da bela e controversa princesa Margaret, a atriz inglesa Vanessa Kirby, 32 anos, tem alçado novos voos no cinema. Na sequência da série da Netflix, Vanessa se arriscou nos filmes de ação Missão: Impossível – Efeito Fallout (2018) e Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (2019). Agora, ela se volta para dramas mais profundos. O resultado é sua onipresença no tapete vermelho do Festival de Veneza deste ano, que apresenta dois longas estrelados por ela: The World to Come e Pieces of a Woman. Em ambos, a temática converge: o luto de famílias que perderam um filho.
Vanessa protagoniza ao lado de Shia LaBeouf o filme Pieces of a Woman (Pedaços de uma Mulher, em tradução literal), dirigido pelo húngaro Kornél Mundruczó, em que um casal perde um bebê logo após um parto domiciliar. “Já tinha gostado muito dela em The Crown”, revelou o cineasta. Vanessa recebeu o roteiro e viajou de Londres para a Hungria em 24 horas, para conversar com Mundruczó. Ela conseguiu o papel no mesmo dia. “Liguei para os produtores com uma frase simples: contratem ela. E, por isso, tivemos que cortar o orçamento radicalmente”, ele brincou.
O longa acompanha nove meses da protagonista, que lida com as consequências físicas da gravidez (incontinência urinária e a produção do leite, por exemplo), enquanto enfrenta as dificuldades do luto no casamento e um caso judicial instaurado contra a profissional responsável pelo parto. O filme ganhou ainda uma repercussão especial em Veneza pela sua cena inicial. São 25 minutos mostrando o parto do bebê, desde as primeiras contrações até a confirmação da morte. Quase toda a cena foi filmada em plano sequência (quando uma única câmera segue os personagens, sem nenhum corte).
A roteirista Kata Wéber contou a VEJA que a história foi inspirada no caso de Ágnes Geréb, uma parteira húngara que foi presa em 2010 por negligência no trabalho, depois da morte de um recém-nascido. Ela ainda ouviu o relato de mães que passaram pelo mesmo processo, antes de escrever a história. “Aprendi que cada caso é muito diferente. Algumas delas são encorajadas a seguir em frente, outras a ficar mais tempo de luto.”
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Clique e AssinePara a protagonista, Kata optou por criar uma personalidade resguardada. Vanessa não chora em muitas cenas ou compartilha os seus sentimentos em voz alta. “Essa é uma história de mulheres fortes. Queria mostrar como essa mulher tem uma conexão especial com o bebê”, explicou a roteirista. Em contraposição, o parceiro da protagonista é vulnerável, chora com facilidade e tenta constantemente se reconectar com a esposa.
Já The World to Come, dirigido pela norueguesa Mona Fastvold, é um drama de época, e apresenta americanos da zona rural, cuja filha pequena morre por uma doença no meio do século XIX. Aqui, a protagonista é Katherine Waterson (de Animais Fantásticos e Onde Habitam), que vive Abigail. Poucos meses após a morte da filha de quatro anos por difteria, a personagem engata em um romance com a sedutora Tallie (mais uma vez, Vanessa), que se muda para uma fazenda no mesmo vilarejo.
As duas tentam entender os próprios desejos, enquanto lidam com o trabalho rural intenso e os respectivos maridos, que começam a se incomodar com essa relação. “Não foi há tanto tempo assim que essas mulheres não tinham a liberdade de escolher o que elas fariam com o próprio tempo. Comecei a ser mais grata pelo o que tenho hoje”, comentou Vanessa à imprensa.
A atriz ainda comemorou a repercussão das duas personagens nesta edição do festival. “Há tantas histórias de mulheres que ainda não foram contadas. Espero continuar fazendo performances difíceis de abordar, com a esperança de mudar a nossa representação na indústria.”