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Berlim: ‘Há americanos prontos a resistir’, diz Maggie Gyllenhaal

Diego Luna também falou em 'resistência', enquanto o presidente do júri Paul Verhoeven pediu que a qualidade e não a mensagem dos filmes seja avaliada

Por Mariane Morisawa, de Berlim
Atualizado em 9 fev 2017, 13h09 - Publicado em 9 fev 2017, 12h37
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  • O Festival de Berlim sempre foi palco para filmes que refletem a situação social e política ao redor do mundo. Mas, neste ano, essa posição fica ainda mais evidenciada com a inclusão dos Estados Unidos na lista de preocupações mundiais, graças às medidas controversas do novo presidente americano, Donald Trump, que fechou a porta para refugiados sírios e baniu a entrada de pessoas nascidas em sete países de maioria muçulmana. Na primeira coletiva do festival, a do júri, praticamente só se falou disso. O presidente da bancada, o cineasta holandês Paul Verhoeven, tentou ser diplomático e apelar para a neutralidade: “Espero que os jurados vejam a qualidade dos filmes e não sua mensagem. Espero que não tenhamos preconceitos políticos”. O ator mexicano Diego Luna também foi na mesma linha: “Estamos aqui para ouvir, não para passar mensagem”. Já a atriz Maggie Gyllenhaal, a única americana entre os sete jurados, fez questão de marcar posição: “É uma época interessante para ser cidadã dos Estados Unidos num festival internacional. Quero que o mundo saiba que existem muitas pessoas no meu país prontas para resistir. E me sinto muito sortuda de ter a possibilidade de estar aqui para dizer isso”.

    Quando indagado sobre como é estar numa cidade que foi dividida por um muro – derrubado em 1989, num ato que representou a queda do comunismo na Europa Oriental –, Diego Luna brincou, fazendo referência à promessa de Donald Trump de construir uma muralha ao longo da fronteira entre Estados Unidos e México. “Estou aqui para investigar como derrubar muros. Parece que há muitos especialistas em Berlim, vou levar esta informação ao México.” Maggie Gyllenhaal acrescentou: “E aos Estados Unidos”. Em seguida, o mexicano completou: “A única coisa positiva que vejo em tudo isso é que há de ter resistência, e quero ser parte dela. É preciso ter uma mensagem de amor, que é a única forma de lutar contra o ódio e o absurdo. Eu cruzo aquela fronteira três vezes por mês. Tenho tantas histórias de amor nos Estados Unidos, não vou deixar ninguém interrompê-las”.

    O artista visual dinamarquês Ólafur Elíasson, que expôs no Brasil em 2011 e é famoso por suas instalações grandiosas, muitas vezes com uso de luz, foi indagado se a iluminação era algo que iria avaliar nos filmes em competição. “Estou empolgado em ser o outsider, de não ser da indústria. Eu acho que a grande arte pode tomar várias formas. Gosto quando o filme me permite me ver nele, perceber sentimentos que eu tenho, mas não fui capaz de verbalizar. É como se não fosse eu que estivesse vendo o filme, mas, sim, o filme que estivesse me vendo. É muito bom se sentir visto, ver que nós somos parte do mundo, não somos excluídos ou indiferentes.”

     

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