Autoridades do Quênia proibiram a exibição do filme Rafiki no país, alegando que o longa incentiva o lesbianismo. Nesta semana, o filme -- um romance entre duas mulheres -- entrou para o catálogo de estreias do Festival de Cannes em maio, um marco no cinema queniano.O Conselho de Classificação Cinematográfica do Quênia anunciou o veto nesta sexta-feira. No Twitter, o órgão foi categórico: "Qualquer um que seja encontrado com sua posse estará violando a lei". No país, o relacionamento homossexual é punível com até 14 anos de prisão. A porta-voz do conselho, Nelly Muluka, tentou explicar o motivo da decisão: "Nossa cultura e leis reconhecem a família como a unidade básica da sociedade. O (conselho) não pode, portanto, permitir que conteúdo lésbico seja acessado por crianças no Quênia".Wanuri Kahiu, diretora de Rafiki, disse estar "decepcionada" com a decisão. "Os quenianos já têm acesso a filmes com conteúdo LGBT na Netflix e em filmes internacionais exibidos no Quênia, permitidos pelo próprio conselho de classificação. Proibir só um filme queniano porque ele lida com algo que já acontece na sociedade parece simplesmente uma contradição."A interdição também representa uma reversão de posição do conselho, cujo presidente, Ezekiel Mutua, havia elogiado o filme no início deste mês. "É uma história sobre as realidades de nosso tempo e os desafios que nossas crianças estão enfrentando, especialmente com sua sexualidade", disse ele à rádio comercial HOT 96 FM.