Embora a cerimônia de premiação do Globo de Ouro deste ano tenha sido insossa, a vitória do ator Chadwick Boseman se destacou como um dos momentos mais emotivos da festa. O ator, que morreu em 28 de agosto de 2020 de câncer colorretal, aos 43 anos, ganhou o troféu póstumo de melhor ator de drama por sua atuação no filme A Voz Suprema do Blues. Quem recebeu o prêmio por ele foi a viúva Taylor Simone Ledward, que disse, chorando: “Ele iria agradecer a Deus. Ele agradeceria aos familiares. E ele agradeceria aos seus ancestrais pela orientação e sacrifícios”. A vitória reforça o burburinho que coloca o ator entre os favoritos ao Oscar deste ano, que acontece no dia 25 de abril. Caso vença, Boseman se juntará a astros como Peter Finch e Heath Ledger que também ganharam a estatueta póstuma de melhor ator, em 1976, e de melhor ator coadjuvante, em 2009, respectivamente. Ao todo, a Academia de Hollywood, responsável pelo Oscar, fez 79 indicações póstumas, sendo que 16 profissionais ganharam a estatueta em diferentes categorias.
A primeira indicação póstuma ocorreu logo na primeira cerimônia do Oscar, que premiou os filmes de 1927 e 1928. Ela foi para Gerald Duffy, que morreu em 1928, na categoria de melhor roteiro pelo filme mudo A Vida Privada de Helena de Troia. Duffy, no entanto, não ganhou a estatueta. O primeiro profissional a levar o prêmio de forma póstuma foi Sidney Howard, na cerimônia de 1939, pelo roteiro de E o Vento Levou… Anos depois, em 1968, Walt Disney, morto em 1966, ganhou na categoria de melhor curta de animação por Ursinho Puff e o Dia Chuvoso.
O único prêmio póstumo na categoria de melhor ator só foi ocorrer em 1977, com Peter Finch, por seu papel no satírico Network – Rede de Intrigas, dirigido por Sidney Lumet. Depois, em 2009, o astro Heath Ledger ganhou na categoria de melhor ator coadjuvante pelo personagem Coringa, em Batman – O Cavaleiro das Trevas. O último Oscar póstumo foi entregue em 2013 ao produtor Gil Friesen, na categoria de documentário por A Um Passo do Estrelato.
Outros astros foram indicados postumamente, mas não ganharam, como James Dean, indicado duas vezes consecutivas na categoria de melhor ator pelos filmes Vidas Amargas e Assim Caminha a Humanidade, em 1955 e em 1956, e Sydney Pollack, na categoria de melhor filme, por O Leitor. A julgar pela soberba interpretação de Chadwick Boseman, suas chances de entrar para esse seleto hall são enormes — e uma vitória seria justa.