Em uma cruzada contra o Oscar, a China anunciou instruções aos meios de comunicação do país para não transmitir a cerimônia. Nesta segunda-feira, 29, a principal rede de TV aberta de Hong Kong, a Television Broadcasts (TVB), aderiu ao boicote e divulgou um comunicado dizendo que, pela primeira vez desde 1969, não vai televisionar a maior premiação do cinema mundial. “Foi uma decisão puramente comercial”, disse um porta-voz da TVB.
A razão que moveu o governo chinês foi a indicação de duas produções ao prêmio deste ano. A primeira, concorrendo a melhor curta-documentário, é Do Not Split, de Anders Hammer. O filme de 35 minutos retrata o movimento pró-democracia em Hong Kong, reprimido pela China. O segundo é Nomadland, indicado a seis categorias, incluindo melhor filme, atriz (Frances McDormand) e direção para a chinesa Chloé Zhao. Segundo as autoridades chinesas, Chloé teria sido desleal em entrevistas nas quais fez críticas ao país.
Este ano também marca a primeira vez, desde 1993, que Hong Kong é indicado ao Oscar de melhor filme internacional, com Better Days, dirigido por Derek Tsang, filho de Eric Tsang, cineasta e recentemente nomeado vice-gerente geral da TVB (a mesma emissora que rejeitou a transmissão do Oscar).
Outras estações de televisão de Hong Kong, incluindo o canal de TV paga da PCCW, NowTV, e seu canal aberto, ViuTV, segundo reportagem da revista americana Variety, também seguiram as instruções da China e não adquiriram os direitos de transmissão do Oscar após o recuo da TVB.
O Oscar 2021 acontece no dia 25 de abril.