Cineastas da Ucrânia alertam o mundo: “Não é um filme, é nosso país”
Em carta aberta, diretores ressaltam a importância de disseminar informações verdadeiras e aplicar sanções econômicas contra a Rússia
Um grupo de cineastas proeminentes da Ucrânia pediu que o mundo acorde para a ameaça à democracia simbolizada pela invasão do país pelas tropas da Rússia de Vladimir Putin. Em uma carta aberta divulgada nesta sexta-feira, 25, os cineastas dizem precisar, agora mais que nunca, da ajuda da comunidade internacional e de “qualquer um que entenda que amanhã a guerra pode estar à sua porta”. “Nós temos falado sobre a guerra no Leste da Ucrânia em nossos filmes há oito anos. Você os assistia nos festivais. Mas este não é um filme, é nossa realidade. E hoje essa realidade se espalhou por todo o nosso país sem exceção”, afirmam.
Os cineastas apelam para que a comunidade internacional não fique em silêncio, nem que se posicione de maneiras que poderiam prejudicar a recuperação da paz na Ucrânia. Como sugestão, pedem que escutem as necessidades dos políticos ucranianos, apliquem sanções econômicas contra a Rússia e, principalmente, lutem contra uma “guerra de informação”, compartilhando apenas informações verídicas sobre o que está acontecendo.
Assinam a carta Oleh Sentsov, diretor de Rhino; Valentyn Vasyanovych, diretor de Reflexão e Atlantis; Maryna Er Gorbach, diretora de Klondike; Anna Machukh, diretora executiva da Academia Ucraniana de Cinema e do Odessa International Film Festival (OIFF); Natalia Vorozhbyt, diretora de Bad Roads; Iryna Tsilyk, diretora de The Earth is Blue as an Orange; e Nariman Aliev, diretor de Homeward. “É importante entender que Putin construiu um reino de falsos espelhos onde o branco é chamado de preto e vice-versa”, disse Tsilyk.
Em entrevista à revista americana Variety, o diretor ucraniano Stanislav Kapralov disse que sente como se estivesse em um filme. “Às vezes, há a sensação de que isso não está acontecendo conosco. As mulheres estão chorando. As criancinhas perguntam por que os russos estão nos matando. Vemos arranha-céus destruídos por bombas, crianças chorando ensanguentadas”, descreveu o cineasta. “Entendemos que nunca perdoaremos a Rússia por isso. Deste dia em diante, esta será uma vingança pessoal. Eu não sou um soldado, então vou me vingar da melhor maneira possível – através da arte e do cinema.”