Seja em shows, cinemas, exposições ou teatros, as multidões movem as engrenagens do entretenimento – não à toa, o setor foi um dos primeiros a parar com a pandemia de coronavírus, e será um dos últimos a retomar à normalidade. Com os casos em declínio na Europa, alguns países começam a colocar em prática planos de retomada econômica, e a reabertura dos cinemas no velho continente — prevista para o final de junho e início de julho — lança esperança sob um futuro incerto.
No início da semana, a Espanha iniciou seu processo de desconfinamento, depois de quase 50 dias de quarentena estrita. Nesta fase, são permitidos exercícios ao ar livre em horários específicos e o funcionamento limitado de alguns setores. Prevista, inicialmente, para 25 de maio, a segunda fase inclui o restabelecimento de eventos culturais limitados a 50 pessoas em ambientes fechados. Os cinemas funcionarão com um terço de sua capacidade e com lugares marcados, respeitando o distanciamento social. A regra vale somente para as atrações fora dos shoppings, já que esses voltarão à ativa apenas na terceira fase do processo.
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Clique e AssineJá a Itália, epicentro do surto na Europa, anunciou nesta terça-feira, 5, um projeto para a retomada da indústria cinematográfica ainda durante o verão no hemisfério norte. O país, que tem mais de 4.000 salas fechadas desde o início da pandemia, promoverá exibições ao ar livre em que os espectadores terão de usar máscaras e manter uma distância de segurança. Enquanto isso, França, Reino Unido e Alemanha ainda não definiram quando seus cidadãos poderão desfrutar novamente das telonas, mas o final de junho e o início de julho é a data mais cogitada pelo setor.
A retomada tende a ser lenta. Receosos, os estúdios marcaram a estreia de blockbusters a partir de julho – o primeiro da lista é Tenet, longa de ação e suspense de Christopher Nolan com Robert Pattinson, marcado para 16 de julho, seguido do aguardado Mulan, previsto para o dia 24 do mesmo mês. Há ainda o temor humano envolvido. Martin Moszkowicz, Presidente do Conselho Executivo da Constantin – importante produtora alemã – alertou ao site Deadline que pode levar de 2 a 3 meses para que o público retome a confiança para voltar a frequentar os cinemas, dada a gravidade da pandemia e a importância do distanciamento social.
A tentativa de reabertura fracassada de 600 salas de cinemas na China confirma os medos do executivo. Com mais de 70.000 salas de portas fechadas desde o início do ano, o país reabriu cerca de 5% delas em meados de março, mas não obteve sucesso: no dia da reabertura, a bilheteria arrecadada não passou dos 2.000 dólares e algumas salas não receberam sequer um espectador. Uma semana depois, os cinemas foram novamente fechados sem justificativa oficial, e seguem assim desde então.
Há ainda grande preocupação em relação aos Estados Unidos, atual epicentro do surto e maior mercado cinematográfico do mundo, seguido da China. Segundo o plano de retomada do presidente de Donald Trump, os cinemas poderão ser reabertos, seguindo regras rígidas, já na primeira fase do desconfinamento. O processo, porém, não é nacional – cabe aos Estados colocá-lo em prática seguindo as recomendações federais, e é difícil prever quando a indústria local realmente será aquecida. Com tantos poréns, não há cenário econômico promissor para o setor no horizonte. É esperar para ver.