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Cinemas nos Estados Unidos estudam fechar novamente por falta de público

Com o filme 'Tenet' testando as águas, exibidores se mostram pessimistas quanto aos rumos do mercado em 2020

Por Tamara Nassif 28 set 2020, 16h17

A expectativa da indústria cinematográfica americana de equilibrar as contas, em um ano em que as salas ficaram fechadas por quase seis meses, tem se esvaído. A gradual reabertura dos cinemas, mesmo lançando mão de protocolos de proteção contra a Covid-19, tem atraído poucas pessoas, de modo que alguns espaços analisam se vale a pena manter as portas abertas.

O filme Tenet, de Christopher Nolan, que se tornou símbolo da retomada de atividades dos cinemas, já que boa parte das superproduções esperadas para o ano fugiram do calendário 2020, apresentou um resultado interessante nas primeiras semanas, para despencar em seguida. Produzido com 200 milhões de dólares, a aventura de espionagem teve uma recepção muito aquém da esperada em solo americano, que tem cerca de 75% de suas salas de cinema reabertas: foram acumulados até agora 41 milhões de dólares por lá, de acordo com o site Deadline. No mundo, o longa passou de 280 milhões de dólares. Apesar da quantia parecer grande, ela não apresenta de fato um lucro substancial para o estúdio, que antes da pandemia esperava um bilheteria acima de 600 milhões de dólares.

São muitas as justificativas para o marasmo nas bilheterias americanas. Uma delas diz respeito às salas fechadas em Nova York e Los Angeles, onde se concentram o maior número de cinemas dos Estados Unidos – e, consequentemente, onde as bases de fãs dos filmes de Nolan se solidificaram. Especialistas de bilheteria dizem que isso se deve, também, ao fato de Tenet ser uma produção intricada e cerebral; uma aposta mais escapista e superficial poderia ter tido mais sucesso na tentativa de atrair o público de volta.

Outra justificativa versa sobre os receios de ir ao cinema por parte dos espectadores, apesar das medidas de segurança contra o coronavírus tomadas e a redução em 50% da capacidade de lotação. Mesmo com as taxas de contágio caindo, a ideia de estar em uma sala fechada com estranhos por pouco mais de duas horas não é atrativa.

Mais uma complicação se adiciona às cadeias exibidoras de cinema: a falta de filmes para pôr em cartaz. Com poucas opções, ainda mais ao se considerar a dança de adiamentos que a indústria de cinema hollywoodiana tem protagonizado desde março, cinemas estudam diminuir os horários de funcionamento para minimizar os custos, como rodar só das 19h às 21h e abrir somente aos fins de semana. Ou, no pior dos casos, fechar novamente até que o cenário melhore. Ainda se especula sobre a cultura de lançar filmes diretamente nas plataformas de streaming: teme-se que, caso a insegurança nos cinemas se prolongue, a medida emergencial tomada por Mulan, por exemplo, se torne a regra e acostume os espectadores a ter lançamentos disponíveis no sofá de casa – um pepino para o pós-pandemia.

Quaisquer que sejam os motivos, a mensagem final é: o público não tem ido ao cinema da forma como Hollywood esperava, e, no curto prazo, a expectativa não é de melhora. Se antes as vacinas contra o coronavírus já eram em muito ansiadas, agora são mais do que cruciais para reavivar a indústria.

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