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Claudia Cardinale: beleza selvagem

A atriz morreu em 23 de setembro, na cidade de Nemours

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 set 2025, 11h38 - Publicado em 26 set 2025, 06h00

Homenageada com um prêmio especial no Festival de Cinema de Berlim, em 2002, Claudia Cardinale disse no discurso de agradecimento que sua carreira como atriz lhe permitiu viver mais de 150 vidas. A italiana foi todos os tipos de mulher: de prostituta a santa, de romântica a glamourosa. “É maravilhoso ter a oportunidade de mudar a si mesma”, disse. “Trabalhei com os diretores mais respeitados. Eles me deram tudo.” A lista impressiona. La Cardinale, como era conhecida, filmou com Federico Fellini, Sergio Leone, Abel Gance, Werner Herzog, Blake Edwards e Manoel de Oliveira. Um deles, Luchino Visconti, com quem ela fez clássicos como Rocco e Seus Irmãos (1960), O Leopardo (1963) e Vagas Estrelas da Ursa (1965), foi direto ao ponto: “Era uma gata em busca de carícias para se transformar numa tigresa e acabar com quem se aproximasse dela”.

Não havia outro caminho, dada a força natural e a beleza indizível, senão interpretar mulheres fortes, em permanente desafio aos estereótipos femininos. A Rosa Nicolosi de O Dia da Coruja (1968), de Damiano Damiani, enfrenta o silêncio imposto pela máfia siciliana a uma comunidade ao colaborar com a polícia para desvendar o assassinato de seu marido. Na pele de Jill McBain, do western Era uma Vez no Oeste (1968), dirigido por Sergio Leone, é uma ex-meretriz implacável na missão de vingar a morte do marido e dos três filhos. Em Hollywood, porém, não se adaptou, perdida entre contratos que exigiam exclusividade e tolhiam a liberdade de quem nascera para ser solta. Mas considerava Os Profissionais (1966), do americano Richard Brooks, um de seus grandes filmes, em parceria com Burt Lancaster, Jack Palance, Robert Ryan e Lee Marvin.

Cardinale teve uma trajetória incomum. Nascida e criada na Tunísia, no seio de uma família siciliana, descobriria o mundo ao vencer um concurso de beleza que a levaria para o Festival de Veneza. Desembarcou em Cinecittà no fim dos anos 1950, mas o forte sotaque do dialeto da terra de sua família fez com que precisasse ser dublada nos primeiros papéis. Teve de adiar o início da carreira em decorrência de uma gravidez, que manteve em segredo até o último momento e que depois revelaria ter sido resultado de um estupro. O filho, Patrick, seria criado pelos avós.

Os obstáculos a fizeram rebelde e aparentemente inabalável. Certa vez, desafiou o protocolo do Vaticano ao comparecer a um encontro com o papa Paulo VI de minissaia. Foi um escândalo, mas para ela soou natural. Tão comum quanto a amizade que forjou com os presidentes franceses François Mitterrand e Jacques Chirac, de quem se aproximou por ter vivido boa parte de seus 87 anos na França. Era, enfim, a beleza selvagem que se movia como felina, sem freios nem culpa. Ela morreu em 23 de setembro, na cidade de Nemours.

Publicado em VEJA de 25 de setembro de 2025, edição nº 2963

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