Com Black Lives Matter e asiáticos, Oscar adere à representatividade
Resultado de uma longa briga na indústria, Academia de Hollywood se adequou aos novos tempos dando espaço para mais vozes
Cinco anos após inúmeros artistas boicotarem o Oscar, e a hashtag #OscarSoWhite (#OscarsTãoBrancos, em tradução livre) dominar as redes sociais, as mudanças que a Academia de Hollywood prometeu começaram a surtir efeito este ano. A começar pela vitória de Daniel Kaluuya como melhor ator coadjuvante no longa Judas e o Messias Negro, passando pela histórica conquista de Chloé Zhao como melhor diretora por Nomadland, primeira mulher não-americana e não-branca a ganhar na categoria até a sul-coreana Yuh-Jung Youn que levou a estatueta de atriz coadjuvante em sua primeira indicação pelo filme Minari.
A diversidade de 2021 é fruto de uma longa cobrança da indústria. Em 2015 e 2016, nenhum ator ou atriz negro ou latino figurou entre os 20 indicados nas quatro categorias de atuação. Os mais de 6.000 membros da Academia de Artes e Ciências cinematográficas foi o primeiro alvo para uma efetiva mudança: o grupo que era predominantemente formado por homens brancos acima de 50 anos ganhou novos participantes, muitos deles mulheres, negros e estrangeiros.
O resultado é patente: entre os 20 indicados nas quatro categorias de atuação este ano, onze eram negros, asiáticos ou que não tem descendência americana. Entre eles, o sul-coreano Steve Yeun indicado na categoria de melhor ator por seu papel em Minari. Viola Davis, com a indicação de melhor atriz por seu papel em A Voz Suprema do Blues, se tornou a a atriz negra mais indicada na história do Oscar com quatro nomeações.
Outro momento histórico se deu na categoria de maquiagem e penteado. Pela primeira vez em 93 anos, a Academia premiou duas mulheres negras: Jamika Wilson e Mia Neal, pelo filme A Voz Suprema do Blues. O músico de jazz Jon Batiste levou a estatueta pela trilha sonora de Soul, animação para a qual Batiste serviu de molde para o protagonista. Em seguida, a música de protesto Fight For You, do filme Judas e o Messias Negro, na voz da artista negra H.E.R, levou o prêmio de canção original. Não à toa, muitos dos que subiram ao palco agradeceram o prêmio discursando em prol do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). Para coroar o movimento, o filme Dois Estranhos, feito em homenagem a George Floyd, levou o Oscar de melhor curta-metragem.