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Com Broadway fechada, Nova York pode perder 15 bilhões de dólares

Com espetáculos caríssimos, teatros não se sustentam com plateia reduzida. Assim, a reabertura foi adiada para maio de 2021

Por Amanda Capuano 9 out 2020, 17h22

Em mais um desdobramento econômico dramático da pandemia, a Broadway anunciou nessa sexta-feira, 9, que os 41 teatros de seu complexo nova-iorquino seguirão fechados até 30 de maio de 2021, o que representa uma perda de 15 bilhões de dólares aos cofres da cidade.

“Com cerca de 97.000 funcionários que tiram da Broadway o seu sustento e um impacto econômico anual de 14,8 bilhões de dólares para a cidade, nossa associação está comprometida em reabrir assim que as condições nos permitirem. Estamos trabalhando incansavelmente com diversos parceiros para sustentar a indústria até voltarmos a abrir nossas cortinas”, declarou Charlotte St. Martin, presidente da Broadway League, em comunicado divulgado pelo Deadline.

A nova data vêm depois de uma série de previsões frustradas de reabertura – a última delas anteriormente prevista para janeiro de 2021, e agora postergada em três meses. Se conseguir voltar à ativa no final de maio, o complexo, fechado desde meados de março, completará 444 dias paralisado, o que corresponde a mais de uma temporada completa sem arrecadação em bilheteria, já que as vendas permanecem suspensas e os tickets adquiridos para o período entre janeiro e maio de 2021 serão reembolsados.

Na última temporada contabilizada (2018-2019), a Broadway arrecadou o montante de 1,83 bilhão em bilheteria, conforme divulgado pelo canal CNBC. Sem os dados atualizados, a emissora estima que o complexo tenha tido uma receita de cerca de 300 milhões de dólares em ingressos durante as 10 semanas que funcionou em 2020 — pouco mais de 16% do valor conquistado em um ano. O maior impacto, porém, é sentido no turismo, já que, segundo o relatório anual publicado pela Broadway League na temporada de 2018-2019, 65% dos expectadores do complexo vêm de fora e, entre acomodação, comida, transporte e compras, deixam cerca de 11,5 bilhões de dólares nos cofres da cidade — o que explica o impacto de quase 15 bilhões apontado por Martin.

Com as arrecadações congeladas até maio, a Actors’ Equity Association, o sindicato que representa os atores e produtores teatrais nos Estados Unidos, emitiu uma comunicado, divulgado pelo Deadline, em que considera a extensão do fechamento como uma “decisão difícil, mas responsável.” Desde o início da pandemia, cerca de 1.110 funcionários ligados a Broadway já perderam o emprego.

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“Nós chegamos a esse ponto porque, em sete meses de pandemia, nosso país segue sem uma estratégia nacional de testagem e uso de máscaras que poderiam ajudar a controlar o vírus. Agora que enfrentaremos mais seis meses sem trabalho, muitos na indústria precisarão de ajuda. Precisamos de suporte para a arte. Washington [o governo] precisa agir”, cobrou a diretora Mary McColl no comunicado.

Um dos maiores dilemas da Broadway é que os espetáculos, boa parte superproduções, não se sustentam sem plateias cheias. Para voltar à ativa, os teatros teriam de aderir às regras de distanciamento sociais aplicadas em Nova York, com a redução da audiência, o que torna o retorno inviável, garante Mary. “O modelo financeiro da Broadway está estruturado de tal maneira que o distanciamento social simplesmente não funciona. Mesmo com ocupação de 50%, um espetáculo não conseguiria pagar seus custos.”

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