Com novo filme do Homem-Aranha, Marvel radicaliza aposta em multiversos
Trailer de 'Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa' revelou que Alfred Molina retornará como Dr. Octopus, aprofundando conexões improváveis entre personagens
Com ascensão de Thanos, um vilão tão poderoso que se revela capaz de exterminar metade de todos os seres vivos do universo com um estalar de dedos, a Marvel parecia ter chegado a um impasse: como avançar na história após a morte de diversos personagens – e como conciliar os heróis já estabelecidos com os novos, que ainda precisariam ganhar a simpatia do público? A senha para entender como o poderoso estúdio pretende desenrolar esse problema já estava contida, afinal, na própria ideia aparentemente maluca de dar um fim a todo um panteão de heróis lucrativos. Agora, com o lançamento do novo trailer de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, sua estratégia fica ainda mais cristalina.
Alguns personagens do UCM (o Universo Cinematográfico Marvel) precisavam ter um fim – e tiveram. Homem de Ferro, Loki e a Viúva Negra foram eliminados por Thanos. Capitão América voltou no tempo, e preferiu ficar por lá. O pepino: eles continuam sendo amados pelo público, são personagens que permanecem rendendo imensos dividendos para a empresa e de que ninguém em sã consciência abriria mão tão facilmente. Mas, como se sabe, nada é definitivo no UCM. Com a criação de novos e inesgotáveis “multiversos”, a Marvel encontrou uma ferramenta dramatúrgica não só para reverter mortes a qualquer momento – e explorar surpreendentes conexões entre heróis das cepas mais variadas.
A solução engenhosa de seus roteiristas é a criação de multiversos onde todos podem continuar aparecendo, até mesmo personagens que surgiram no período pré-UCM, como Homem-Aranha, X-Men, Quarteto Fantástico e, por que não, o Motoqueiro Fantasma e o Justiceiro (oi, Nicolas Cage e Dolph Lundgren!). A operação começou a ser desenhada recentemente, com a animação Homem-Aranha no Aranhaverso e as séries da Disney+ Wandavision, Loki e What If…?. Mas ganhou força mesmo foi com a divulgação do trailer de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, e a confirmação do retorno do vilão Dr. Octopus (Alfred Molina), que apareceu no filme estrelado por Tobey Maguire no longínquo 2004.
Agora, uma nova pergunta se impõe: o que esperar desse multiverso expandido da Marvel? As respostas começaram a ser respondidas com as séries da Disney+, mas virão definitivamente no novo filme do Homem-Aranha. No enredo, Peter Parker (Tom Holland) tem sua identidade secreta revelada e todo mundo sabe que se trata do herói aracnídeo. Para mudar isso, ele procura o Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), que faz um feitiço para que a humanidade esqueça sua identidade. Os desdobramentos a partir daí são imprevisíveis. Embora o trailer tenha mostrado apenas o retorno do Dr. Octopus, o ator Jamie Foxx deverá voltar também como o vilão Electro, abrindo especulações para as participações dos outros atores que interpretaram o Homem-Aranha, Andrew Garfield e Tobey Maguire.
Os próximos passos virão com o novo filme do Dr. Estranho, em Doctor Strange in the Multiverse of Madness (título original em inglês), previsto para 2022, e na segunda temporada da série Loki. Com os multiversos e viagens no tempo estabelecidos, agora a Marvel, em termos de roteiro, pode tudo. Uma história antiga ficou mal contada? Sem problemas. Basta voltar no tempo e a consertar. Um personagem amado morreu? Ele volta à vida num multiverso. Se para o mortal comum ficará cada vez mais difícil acompanhar todo esse complexo cipoal de tramas, o espectador versado nesse universo ficará ainda conectado a ele. As possibilidades são infinitas, assim como ocorre nos multiversos.