Audiência da Comissão Permanente de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente, da Câmara Municipal de São Paulo, pode dar um alento aos grupos que defendem a criação do Parque do Bixiga, nos terrenos que contornam o Teatro Oficina, na Bela Vista, região central da capital paulista. Se aprovado na reunião, marcada para as 11h, o Projeto de Lei 805/2017, de autoria do vereador Gilberto Natalini (PV), deve seguir para uma terceira comissão da Câmara dos Vereadores, antes de ir a plenário. Em dezembro, o PL recebeu aval da Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa.
Além do PV e a companhia teatral dirigida por José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, o projeto tem apoio de arquitetos, urbanistas, intelectuais e artistas. Em uma página dedicada a ele no site Medium, foi publicada uma pequena cartilha que aponta as vantagens da criação do parque público e os impactos sociais e urbanísticos que a construção de torres residenciais pela Sisan, braço imobiliário do Grupo Silvio Santos, trariam à região. Arquitetos e urbanistas favoráveis ao parque argumentam que arquitetura não é somente um prédio, uma construção, mas engloba todo o entorno de uma obra, sua inserção e relação com as partes que a cercam.
De acordo com a cartilha, o bairro do Bexiga (ou Bixiga, na sua forma tradicional e popular), é o mais adensado da cidade de São Paulo, com 69.460 habitantes em 2,6 km2, ou uma pessoa a cada 26 m2. Entre os impactos do empreendimento imobiliário de Silvio Santos, estariam o aumento dos aluguéis e do custo de vida do bairro, intensificação do tráfego, interferência na ensolação e ventilação e impacto no rio Bixiga, que hoje corre debaixo dessas terras.
Entre os prós do parque, a interação entre os habitantes do bairro, um palco aberto para eventos culturais, a possibilidade de cultivo de hortas e bosques urbanos, diminuição da temperatura e permeabilização do solo contra chuvas.
O PL de Gilberto Natalini vai ao encontro dos planos do grupo comandado por José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, que quer levar a cabo o projeto idealizado pela arquiteta Lina Bo Bardi, autora da forma final (e atual) do Oficina, de fazer um parque aberto em torno do teatro.
Por outro lado, o PL vai de encontro aos planos comerciais do empresário e apresentador Silvio Santos, que é dono dos terrenos em torno do teatro, não quer cedê-los nem vendê-los e pretende erguer ali três torres de unidades residenciais.