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Como Ivan Reitman fez de ‘Os Caça-Fantasmas’ um fenômeno do cinema

Diretor que arrebanhou multidões com suas comédias à la Sessão da Tarde teve passado familiar dramático

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 fev 2022, 11h08

Antes de lançar um filme, o cineasta Ivan Reitman fazia alguns experimentos. Para o mega-sucesso Os Caça-Fantasmas, de 1984, ele divulgou na TV o mesmo comercial que estaria no filme, em que os atores anunciam sua especialidade em capturar seres do além. O telefone usado na propaganda recebeu em média 1.000 ligações por hora ao longo de alguns dias em que ficou no ar. Estava provado o apelo do tema do roteiro. Reitman também tinha um método curioso. O filme semi-pronto era apresentado em uma sessão especial para audiências selecionadas. Ele contava o número de vezes em que as pessoas riam de uma cena e a intensidade da risada. Se não estivessem rindo o suficiente, ele voltava o filme para a sala de edição e mexia em tudo, até deixar a produção mais engraçada. Não à toa, Reitman, que morreu no sábado, 12, aos 75 anos, se tornou um mestre em arrebanhar multidões nos anos 80 e 90 – e seu legado continua a render.

Além da popular franquia fantasmagórica, Reitman dirigiu diversos hits da comédia à la Sessão da Tarde. Entre eles estão Dave, Presidente por um Dia (1990); Um Tira no Jardim de Infância (1989); Irmãos Gêmeos (1988); e Júnior (1994) – os três últimos com Arnold Schwarzenegger em papéis pastelões (em Júnior, o grandalhão fica grávido). Reitman ainda foi produtor de uma avalanche de longas lucrativos, como a franquia Beethoven e seu protagonista canino, e o popular Space Jam.

Ivan Reitman, Arnold Schwarzenegger e Danny DeVito nos bastidores de ‘Junior’ (1994)
Ivan Reitman, Arnold Schwarzenegger e Danny DeVito nos bastidores de ‘Júnior’ (1994) (//Divulgação)

Curiosamente, o cineasta da comédia veio de um passado dramático. Nascido em Komarno, na antiga Tchecoslováquia, em 1946, ele era filho de uma mulher que sobreviveu aos horrores de Auschwitz, enquanto seu pai fez parte da resistência antinazista. Reitman tinha 4 anos de idade quando sua família fugiu da opressão vinda do comunismo na região e se instalou no Canadá, onde viviam alguns parentes. Lá, o futuro cineasta pode aflorar seu desejo de entreter, a começar por shows de fantoches na infância até o envolvimento com música, antes de desembarcar no teatro e, em seguida, no cinema.

Seu longo currículo acabou ofuscado pelo estouro dos caçadores de fantasmas. O quarteto formado por Dan Aykroyd, Bill Murray, Harold Ramis e Ernie Hudson conquistou o topo das bilheterias e se tornou pioneiro do gênero que mistura comédia, horror e ficção científica – mistura que dominou a Hollywood dos anos 80. A trama virou desenho animado, videogame e ganhou sequências, entre elas duas recentes, uma com um elenco todo feminino e outra com crianças que possuem conexões familiares com os parapsicólogos do passado. Este último, Ghostbusters: Mais Além, aliás, é um dos melhores da saga. Dirigido por Jason Reitman, filho de Ivan Reitman, o longa representa bem a ideia geral que o cineasta quis alcançar. “Dizem que meus filmes são caça-níqueis, mas, na verdade, eles representam e exaltam de forma genuína os gostos da juventude.”

Da esquerda para a direita, Ivan Reitman, Carrie Coon, Mckenna Grace, Finn Wolfhard e Jason Reitman nos bastidores de Ghostbusters: Mais Além (2021)
Da esquerda para a direita, Ivan Reitman, Carrie Coon, Mckenna Grace, Finn Wolfhard e Jason Reitman nos bastidores de Ghostbusters: Mais Além (2021) (//Divulgação)
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