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Costuras do poder

A estilista Marie Lafayette se inspira em Grace Kelly e na Bíblia para vestir noivas globais e a “discreta e minimalista” primeira-dama Michelle Bolsonaro

Por Fernanda Thedim
Atualizado em 4 jun 2024, 16h06 - Publicado em 24 Maio 2019, 07h00

Para qualquer estilista, e mais ainda para aqueles não tão conhecidos, o pote de ouro no fim do arco-íris é empunhar a agulha oficial do guarda-roupa de uma primeira­-dama. Cada vez que ela aparece em alguma ocasião especial, o traje — e, por tabela, seu criador — será tema de infindáveis comentários nas redes sociais. Neste ano 1 da era bolsonarista, o nome em evidência é Marie Lafayette, paulistana de 37 anos radicada no Rio de Janeiro. De seu ateliê no bairro da Gávea, na Zona Sul, saiu o muito comentado vestido usado por Michelle Bolsonaro na posse do marido, em janeiro: um tubinho justo de zibeline de seda na cor rosé levemente brilhante, que deixava as omoplatas à mostra em um decote ombro a ombro (e não canoa, como foi descrito, que é “mais altinho”). No momento, Marie tem na carteira de encomendas outros dez modelos para Michelle, que entregou à estilista a missão de paramentá-­la cada vez que precisa trocar o jeans e camiseta, seu conjunto favorito, por algo mais caprichado, quando tem de aparecer em público. “Michelle gosta de tons lisos e neutros, que casam com seu estilo simples e discreto, e dá preferência a modelos mais retos, longilíneos e minimalistas”, diz Marie.

Maria Lafayette
A CRIADORA – Marie no ateliê: ela se ofereceu para ser estilista oficial de Michelle (Rodrigo Lopes/VEJA)

A estilista e a primeira-dama têm se encontrado com frequência. Marie esteve recentemente no Palácio da Alvorada para levar amostras de tecido, sugerir referências de cortes e tirar medidas. A fonte de inspiração para suas criações é o estilo princesa, principalmente o de Grace Kelly, de Mônaco. Michelle passou no ateliê da Gávea há duas semanas para pegar o vestido que pretendia usar no jantar oficial em que o marido seria homenageado em Nova York. A presença de Bolsonaro na cidade causou polêmica, e o jantar acabou virando um almoço em Dallas, no Texas, e o traje ficou no armário. Também já está pronto o longo planejado para o enlace ao pôr do sol deste sábado 25, no Rio, do deputado federal Eduardo Bolsonaro, o filho mais novo do primeiro casamento do presidente, com a psicóloga gaúcha Heloísa Wolf. Marie é autora do vestido da noiva, mas dele só revela que começou a ser confeccionado há sete meses. “Um provador é igual a um consultório médico. Nada pode sair dali”, afirma.

O primeiro contato entre Marie, nome artístico de Maria Monteiro (que diz ser tataraneta do conselheiro Lafayette, jurista e político do Império), e Michelle ocorreu na época do casamento desta com Bolsonaro. Estilista requisitada no mercado casamenteiro do Rio, Marie conta que estava assistindo à apuração da eleição na TV quando se deu conta de que conhecia a futura primeira-dama de algum lugar. Com quase 1 500 noivas no currículo desde que abriu o ateliê, há doze anos, levou algum tempo para lembrar que havia feito o vestido de casamento da ex-assistente do deputado. Na mesma hora, mandou-lhe uma mensagem via rede social candidatando-se a fazer os vestidos das ocasiões oficiais e cobrar só o custo do material (o preço de um modelo de noiva seu sob medida começa em 9 000 reais). Para melhorar suas chances, sugeriu que, depois de usados, fossem vendidos em leilão com renda revertida para instituições de caridade. Michelle gostou da ideia e Marie ganhou o posto, desbancando profissionais mais conhecidos, como a alagoana Martha Medeiros, famosa pelas rendas.

Vestido
POSE – Marie tira medidas de Heloísa em foto para a Caras: o vestido é fake, claro (//.)
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Diferentemente da antecessora Marcela Temer, que na posse do marido como vice de Dilma Rousseff, em 2011, recebeu altos elogios pela beleza e muitas críticas pelo traje, Michelle acertou no modelo com que desfilou no Rolls-Royce presidencial. “O tom suave e delicado amenizou o andar desajeitado, pouco acostumado ao salto alto, da nova primeira-­dama”, comentou a consultora de moda Lilian Pacce. A estilista já emplacou vários vestidos em novelas e filmes. Descoberta pelos figurinistas da TV Globo através de um blog em que escrevia sobre casamento, era ela que abastecia a loja de vestidos de noiva do seriado Tapas & Beijos. Também vestiu as atrizes Ingrid Guimarães e Suzana Pires quando chegaram ao altar no longa Loucas pra Casar, de 2015. Levou sua assinatura ainda o vestido de noiva de inspiração muçulmana no primeiro capítulo da novela Órfãos da Terra, que estreou em abril na Globo.

Como a primeira-dama, Marie é evangélica. Não frequenta uma igreja específica, mas ouve “a palavra do Senhor” diariamente pela internet. A bispa Virgínia Arruda, que reúne 435 000 seguidores em seu canal do YouTube, e o pastor Rodrigo Sant’Anna, com mais de 1 milhão de seguidores no Facebook, são dois de seus pregadores virtuais preferidos. Ela tem uma Bíblia sempre aberta na mesa de trabalho, gosta de recitar o Salmo 23 e confia na proteção divina. “A gente vive em um meio de muito ego e muita concorrência”, explica. Marie adotou a religião há pouco mais de três anos, por influência da babá evangélica que contratou para cuidar da filha Valentina. “Quem tem fé passa pelas provações com mais confiança. O chão treme, não tem jeito, mas você consegue ter mais equilíbrio na caminhada”, acredita.

Eduardo Bolsonaro e Heloisa Wolff
POMBINHOS – Eduardo e a noiva, em ensaio pré-nupcial: enlace ao pôr do sol (//.)
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Mesmo já tendo feito parcerias com celebridades, Marie diz evitar as permutas — quando o estilista dá a roupa e o artista o elogia publicamente nas redes. “Já vesti muitas atrizes para festas e prêmios, mas elas dão muito trabalho. Mudam de ideia o tempo todo e a gente tem de ficar à disposição. Prefiro as noivas”, afirma. E as primeiras-damas, claro. A julgar pelo exemplo de outra primeira-dama Michelle, a Obama, que em seus anos na Casa Branca inflou a carreira de vários estilistas americanos, Marie aposta ver sua grife — como tudo o que cerca o clã Bolsonaro, para o bem ou para o mal — bombar nas redes sociais.

Publicado em VEJA de 29 de maio de 2019, edição nº 2636

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