Day Mesquita se prepara para grandes momentos da novela da Record Jesus. A atriz que interpreta Maria Madalena encontrará o protagonista da trama no episódio que está previsto para ir ao ar na quinta-feira, 15 depois de ser atormentada por sete demônios e, quase literalmente, “comer o pão que o diabo amassou”. Em um ambiente dominado por homens, a personagem ganhará um papel central. Tudo em parceria com o filho de Maria.
“Ela é uma revolucionária como Jesus. Os dois lutam por igualdade. Por ser mulher, ela luta pela igualdade de gênero, é uma feminista”, afirma a atriz em entrevista a VEJA. “Quando ela encontrar Jesus, ainda vai entrar em um ambiente muito masculino, que é o dos doze apóstolos.”
Day possui um currículo grande na televisão. Estreou na Bandeirantes em 2007 como a vilã de Dance Dance Dance e logo depois viveu a protagonista Eliana de Vende-se um Véu de Noiva, no SBT. Em 2011, entrou para o elenco das novelas da Globo, emendando A Vida da Gente em Cheias de Charme. Seu último papel na emissora foi como a Fernanda de Além do Horizonte.
O maior reconhecimento do público, no entanto, veio com o papel de Yunet na novela Os Dez Mandamentos, da Record, em 2015. O sucesso fez com que a atriz se tornasse uma das grandes apostas da emissora. Prova disso foi o convite para interpretar Ester Bezerra, a esposa do bispo Edir Macedo, na cinebiografia do proprietário da Record, Nada a Perder. Ao lado de Petrônio Gontijo, Day ainda se prepara para o lançamento da continuação do longa no próximo ano.
Confira a entrevista com a atriz:
Como foi o seu estudo para interpretar a Maria Madalena? Quando eu recebi o convite para o papel, comecei a ver alguns filmes e livros sobre ela. Mas quando começaram a chegar os capítulos, me concentrei mais nas cenas. Li alguns trechos da Bíblia e dois livros que trazem algumas informações históricas sobre Maria Madalena, foi o que achei de mais profundo de pesquisa sobre ela.
Coincidentemente, tivemos o lançamento do filme da Maria Madalena protagonizado pela Rooney Mara neste ano. Serviu de inspiração para a sua personagem? O filme estava saindo do cinema na semana em que recebi o convite para a novela. Fui ver e fiquei emocionadíssima. A história passa uma mensagem de muito amor, assim como a palavra de Jesus. Até anotei algumas frases que a Rooney Mara falava, que mexeram muito comigo.
Nesta fase, a Maria Madalena está sendo atormentada por sete demônios. Como se preparou para isso? Queríamos chegar em um lugar que fosse crível, assim como a novela está sendo feita, para tocar as pessoas com verdade. O Edgard Miranda, que é o diretor geral, passou alguns filmes de referência, como O Exorcista, mas me identifiquei mais com O Ritual, com o Anthony Hopkins. Fiquei encantada, porque as cenas do longa possuem uma naturalidade e uma intensidade muito grandes. Na hora da gravação, tinha que me alongar, porque é um trabalho que exige muita tensão no corpo. Faço de verdade, não penso muito. Quando os demônios estão dentro da Madalena, há uma dualidade muito grande, porque ela tenta tirá-los, mas não consegue. Ela está em uma briga o tempo todo.
Você acredita em demônios? Acredito que a nossa cabeça cria coisas boas e ruins. Se eu acreditar que esses demônios existem, eles vão existir.
Por ser mulher, ela luta pela igualdade de gênero, é uma feminista sim. Não só por essa causa, mas é pela igualdade humana, independente de raça, cor, gênero ou classe social
Day Mesquita sobre a Maria Madalena da novela 'Jesus'
A sua versão da Maria Madalena é de uma mulher muito forte, que não deixa de falar o que pensa. Ela ainda vai sofrer por essa postura? Por enquanto, ela sofre muito preconceito, não pela forma de se colocar, mas pela tormenta com os demônios. Chegam a julgá-la como louca e como uma mulher que não se dá valor. Depois disso, quando ela encontrar Jesus, vai entrar em um ambiente muito masculino, que é o dos doze apóstolos. A novela fala sobre o não julgamento. Jesus está aí para dizer que cada um tem que ser da forma como é. Ela acredita nisso e, por isso, tem uma identificação muito grande com Ele.
Acredita que podemos chamar a Maria Madalena de feminista? Eu acho que ela é uma revolucionária como Jesus. Ela luta por igualdade, assim como ele. Por ser mulher, ela luta pela igualdade de gênero, é uma feminista sim. Não só por essa causa, mas é pela igualdade humana, independente de raça, cor, gênero ou classe social.
Na Bíblia, são as mulheres as primeiras a saber da ressurreição de Jesus. Como avalia esse protagonismo que elas recebem? Naquela época, existia uma ideia de inferioridade em ser mulher. Elas eram consideradas impuras quando menstruavam, por exemplo. Não vejo o olhar bíblico como um protagonismo, mas o olhar de Jesus, perante todas as coisas. As mulheres é que estavam do lado de Jesus durante a crucificação, tinha um ou dois apóstolos. Alguns o abandonaram. Quem estava do lado dele o tempo inteiro eram as mulheres. Madalena foi a primeira a ver que ele tinha ressuscitado.
Você já gravou a cena da ressurreição? A cena vai existir, mas nós ainda não gravamos. Só gravamos a crucificação, que foi no primeiro capítulo e algumas outras partes.
Como foi a sua imersão nas gravações no Marrocos? Fiquei uma semana lá e foram as primeiras cenas que gravei como Maria Madalena. Voltei para o Brasil e ainda fiquei um tempo sem gravar, mas estar lá trouxe muito do que os personagens viveram com relação ao ambiente, o clima seco e o calor… Isso agrega muito ao trabalho. Era tudo muito real. Todos os atores e a equipe também se uniram durante a viagem. Foi quando começou tudo o que a gente está levando para o trabalho até agora.
E como foi gravar a cena da crucificação? Foram três dias e, em todos eles, gravamos o dia inteiro, até umas 21 horas, quando anoitecia. Tudo naquela onda pesada, por causa daquela crueldade com o ser humano. Foi bem intenso e desgastante, mas ter gravado lá foi essencial.
Como será o encontro da Maria Madalena com Jesus? Existe uma confusão, porque há muitas Marias na Bíblia. Eles unem três Marias em Madalena: Maria Madalena, Maria de Betânia e Maria pecadora. A Madalena não era prostituta e o apedrejamento também não aconteceu com ela. Madalena era só atormentada pelos sete demônios. O encontro será focado no milagre de Jesus ao expulsar os demônios. Será um embate forte.
Você acredita em curas sobrenaturais? Nunca presenciei uma, mas acredito que a gente pode criar tudo que quiser. Se é feito com amor e sem desejar o mal do outro, a gente consegue. Então, se eu acredito na minha cura, isso vai acontecer de alguma maneira. Jesus dizia isso: se você crê, está curado. Deus está dentro da gente, é amor. Se a gente espalha o amor para o outro, pode qualquer coisa.
O meu caminho profissional foi degrau a degrau, em uma crescente, mas muito firme, sólido.
Day Mesquita
Você está em um momento muito especial na Record, especialmente depois de ter interpretado a Ester em Nada a Perder. Como se vê dentro da emissora agora? Fiz uma protagonista no SBT, outra na Band e tive personagens que cresceram durante a trama em novelas da Globo, mas nos últimos anos, tenho caminhado pela Record e eles me deram personagens incríveis. A primeira foi a Maria de Betânia, em Milagres de Jesus, e depois a Yunet, em Os Dez Mandamentos, que foi um marco na minha carreira. Por mais que eu tenha tido toda essa trajetória antes, foi uma personagem que me deu destaque. E aí, pude protagonizar dois longas, minha primeira vez no cinema. O meu caminho profissional foi degrau a degrau, em uma crescente, mas muito firme, sólido.