Diretor de ‘Frozen 2’: ‘Amor entre irmãs é mais forte que um romance’
Chris Buck e o produtor Peter Del Vecho falaram a VEJA sobre os novos rumos das populares princesas Anna e Elsa
Quando chegaram aos cinemas, em 2013, Anna e Elsa eram duas desconhecidas no universo pop das princesas da Disney. O cenário mudou rapidinho: em quatro meses após a estreia, Frozen se tornou o filme de animação mais bem sucedido em bilheterias no mundo, somando 1,2 bilhão de dólares. Desde então, as irmãs do reino de Arendelle continuaram no imaginário infantojuvenil — e nas estantes e armários de garotas que colecionaram bonecas e roupas temáticas. Agora, Frozen 2 estreia no Brasil, pronto para repetir história. Mais maduras, Anna e Elsa enfrentam novas aventuras, em busca de respostas sobre o passado de sua família. Em entrevista concedida a VEJA durante passagem pela CCXP em dezembro, o diretor e roteirista Chris Buck e o produtor Peter Del Vecho – nos cargos desde o primeiro filme – comentaram o crescimento de Anna e a jornada de auto-descoberta de Elsa, além da admirável relação de cumplicidade entre as irmãs. Confira:
Em 2013, Frozen se tornou a animação de maior bilheteria da história. Era previsível que uma sequência fosse feita. Quais desafios enfrentaram para que o segundo filme continuasse no mesmo patamar do anterior?
Chris Buck: O maior desafio foi manter-se fiel aos personagens e não introduzir uma história para a qual eles não estivessem preparados. A trama tinha que partir das próprias protagonistas. Para isso, foi preciso ouvi-las com atenção e realmente entendê-las. Assim, descobrimos exatamente onde Anna e Elsa chegariam. Elas precisavam entender a própria origem: o que também era uma curiosidade dos fãs.
Essa origem já existia quando fizeram o primeiro filme ou foi criada do zero para Frozen 2?
Peter Del Vecho: No primeiro filme, saber que ela nasceu com essas habilidades era o suficiente para a história, e era tudo o que precisávamos explicar até então.
Buck: Então, não tínhamos uma resposta pronta. Foi necessário mergulhar novamente nos personagens para descobrir o porquê de Elsa ter esses poderes e de onde vieram.
Elsa e Anna são garotas empoderadas, mas também há espaço para o amor na vida delas. O quão importante é mostrar esses dois lados para as meninas?
Buck: A força de Frozen é o laço entre Anna e Elsa e a relação de irmandade que elas compartilham. Essa ligação começou no primeiro filme e permaneceu ao longo do segundo, e é isso o que as pessoas querem ver. Os fãs apreciam as irmãs e a ligação entre elas. Não importa pelo o que elas passem, a força e o amor demonstrado pelas duas faz com que elas superem os obstáculos. Isso é importante. O amor entre irmãs é mais forte que um romance
A ministra brasileira Damares Alves, responsável pela pasta das Mulheres, Família e Direitos Humanos, levantou uma teoria de que Elsa seria lésbica. Como respondem a essa especulação?
Del Vecho: Não queremos entrar em um assunto político. O que digo é que Elsa está buscando o seu lugar no mundo e o seu propósito, o que está destinada a fazer. Ela lida com muita coisa: a origem de seus poderes, o passado da família, e ainda tem o peso de um reino sobre os ombros. Mas, no fundo, esse filme é sobre a relação de Anna e Elsa e o quão preciosa ela é. Eu amo a jornada das duas personagens. No primeiro filme elas passam a maior parte do tempo separadas e, dessa vez, elas estão juntas. Essa é a história que queremos contar.
A ira dos elementos da natureza é um tema interessante do segundo longa. Existe algum paralelo intencional com as mudanças climáticas em voga?
Buck: Na verdade, a conexão de Elsa com a natureza foi estabelecida desde o princípio, com seus poderes glaciais. Neste filme, fortalecemos as conexões com todos os elementos naturais, dando a eles personalidade. Esperamos que o público pense em como seria legal ter uma conexão tão íntima com o meio ambiente como a Elsa tem.
Del Vecho: Mas apesar dos poderes de Elsa, a natureza é ainda mais poderosa. Ela pode ser uma brisa agradável que se converte em um tornado, ou um furacão. A forma com que a Elsa lida com isso é animador do ponto de visto narrativo.
Há chances de um terceiro filme?
Buck: Nos perguntam isso o tempo todo. A verdade é que, depois do primeiro filme, levou cerca de um ano para que começássemos a pensar em uma sequência. Então talvez seja melhor nos perguntar isso daqui a um ano.
Del Vecho: Na nossa cabeça, fechamos o filme como um ciclo, uma jornada completa. Por enquanto, precisamos dar uma pausa.