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Festival de Veneza aumenta participação feminina após críticas

Além da presença de Cate Blanchett como presidente do júri, evento terá, pela primeira vez, quase metade dos filmes em competição dirigidos por mulheres

Por Lucas Almeida, de Veneza
Atualizado em 3 set 2020, 11h27 - Publicado em 3 set 2020, 11h17
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  • Poucas personalidades no mundo hoje combinam com tanta destreza qualidades como inteligência, sagacidade e elegância quanto a atriz Cate Blanchett. Não à toa a australiana tem encabeçado júris de festivais pelo mundo, como Cannes e, agora, o badalado Festival de Veneza. Para além do talento e experiência, a presença de Cate no júri responde a uma antiga demanda: maior participação feminina no tradicional evento italiano.

    Mesmo assim, durante a coletiva de imprensa que abriu o festival na quarta-feira, 2, a atriz foi perguntada se “pediu permissão ao marido” para presidir o júri do festival durante a pandemia. Cate riu. “Eu tive a permissão do meu marido. Dos meus filhos, talvez não tanto”, ela respondeu ironicamente.

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    O questionamento de tom machista revela a urgência da movimentação da 77ª edição do Festival de Veneza, que este ano apresenta, pela primeira vez, um número quase equivalente de homens e mulheres na direção dos filmes que concorrem ao Leão de Ouro. Dos dezoito longas que disputam o prêmio, oito são conduzidos por diretoras – em 2019, dos 21 indicados, dois tinham mulheres na direção, enquanto em 2018 e 2017, o número foi de uma diretora por edição.

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    Em 2019, o festival ainda foi duramente criticado por exibir um filme do diretor franco-polonês Roman Polanski, que fugiu dos Estados Unidos em 1978, após ter se declarado culpado da acusação de abuso sexual de uma menina de 13 anos. Ele permanece foragido, vivendo na Europa, desde então. A realizadora argentina Lucrecia Martel, que presidiu o júri no ano passado, se recusou a comparecer a um jantar de gala em homenagem a Polanski durante o evento, afirmando: “Represento mulheres no meu país que são vítimas deste tipo de abuso”.

    Quando a escolha por Blanchett foi anunciada pela Bienal de Veneza, ainda em janeiro deste ano, o diretor do festival, Alberto Barbera, comentou: “O compromisso dela no campo artístico e humanitário e com a proteção do meio-ambiente, assim como a sua defesa pela emancipação de mulheres na indústria de cinema, que ainda está lidando com o preconceito masculino, a fez uma inspiração para toda a sociedade”.

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    Na coletiva de abertura, ainda foi abordada a mudança anunciada recentemente pelo Festival de Berlim, que não fará mais distinção entre homens e mulheres na premiação de atuação – em vez de melhor atriz e melhor ator, a cerimônia vai eleger a melhor performance principal e coadjuvante.

    Blanchett apoiou a decisão alemã: “Eu sempre me referi a mim mesma como “actor” (tradução de ator no inglês, usada para homens e mulheres). Quando uma performance é boa, não importa o gênero”

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